Dia desses achei algumas velhas notas
fiscais da farmácia. Constatei algo incomum, misterioso, catastrófico: meu
sovaco cresceu.
Fiz contas de somar, multiplicar,
diminuir e dividir, usei o bom e velho “novesfora”, e percebi que até pouco
tempo eu comprava, mensalmente, um ou dois frascos a menos de desodorante.
No país em que notórios criminosos
são tratados como suspeitos e inocentados mesmo após a decisão penal condenatória
ratificada em várias instâncias, e onde vige o proveitoso e imprescindível
Código de Defesa do Consumidor, seria impossível responsabilizar judicial e civilmente as instituições regulatórias, porque são democráticas de direito e continuarão
funcionando para todo o sempre (amém!).
Muito menos será culpada a
multinacional de produtos de higiene pessoal que, dentre suas inúmeras preocupações com as causas sociais,
fez lobby para acabar com o sofrimento de militantes com a pobreza
menstrual, exigindo de seus pupilos estrategicamente incrustados no Congresso, que lutem (como uma garota!) para que o Estado supra essa deficiência.
É só coincidência o fato desses produtos estarem disponíveis para pronto atendimento da grande demanda gerada, como todas as coincidências com as necessidades urgentes de um Estado preocupado com a população, como um dia foi a gloriosa tomada de três pinos.
Tudo, sempre, pelo bem da população e do consumidor!
Afinal, grandes empresas devem estar sempre alertas para tais situações.
Além disso, não se espera outra coisa do pessoal do marketing que prega o respeito à Amazônia, à humanidade, às tão sofridas minorias,
que não o respeito aos direitos da clientela, até porque poderiam se ver
submetidas à rigorosa admoestação das personalidades iluminadas e supremacistas
que azeitam a máquina pública, cujas instituições, repito, funcionam muito bem,
obrigado.
Sim, empresas que prezam pela filantropia estão acima de qualquer suspeita, elas exigem que o mundo seja um lugar melhor – pouco habitado, onde todo idoso para gozar do direito de viver deve ser milionário e poucos possuam propriedades, sem doenças, pois erradicadas por vacinas, sem religião, mas com religiosidade, e com pervertidos sem sexo definido.
Por isso é ilógico pensar em diminuição da quantidade dos produtos ante a manutenção de preços ou a lesão deliberada ao consumidor. Não custa relembrar a existência de instituições e do Código protetor, tão zelosos, além da agenda ESG aplicada pelas próprias organizações, extremamente éticas, atuando para desencorajar essa prática.
Voltando ao ponto inicial, após distração
provocada por tanta bondade e generosidade, cabe a mim, mero mortal de uma vida
miserável que espera a salvação em Cristo, ajoelhar e pedir a Deus para impedir
que o sovaco (ou subaco) continue crescendo, pois não teria lugar para guardar
tantos frascos em minha humilde residência. (Que em breve poderá deixar de ser
minha.)
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