sábado, 17 de setembro de 2016

A onda conservadora e o freio ABS dos donos do poder


Pouca gente percebeu que, em 13 de setembro de 2016, foi aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal, o parecer favorável à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 36/2016, de iniciativa dos senadores Ricardo Ferraço e Aécio Neves, ambos do PSDB. O texto substitutivo agora segue para o plenário.
A proposta, que segundo o relator, senador Aloysio Nunes Ferreira, admite “distinções entre partidos políticos”, estabelece alterações e acréscimos ao artigo 17 e acrescenta o artigo 17-A na Constituição Federal (CRFB/1988). Em sua ementa está disposto que o objetivo é “... vedar as coligações nas eleições proporcionais, disciplinar a autonomia dos partidos políticos e estabelecer normas sobre fidelidade partidária e o funcionamento parlamentar dos partidos políticos”.
Assim, será admitida a coligação nas eleições eleitorais majoritárias – o que não será obrigatoriamente estendido ao âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal –, mas vedada nas eleições proporcionais.
Também foi criada uma cláusula de barreira, que exige um número mínimo de votos para a existência ou representatividade do partido político. A agremiação apta à disputa eleitoral só terá direito ao funcionamento parlamentar se obtiver, nas eleições para a Câmara dos Deputados, um mínimo de 3% dos votos válidos, a serem “distribuídos em, pelo menos, catorze unidades da Federação”. Só que também deverá obter, em cada uma dessas catorze unidades, o mínimo de 2% dos votos válidos.
O funcionamento parlamentar confere o direito de gozar da “estrutura própria e funcional das casas legislativas”, e também o direito à participação no fundo partidário e no tempo de rádio e de televisão.
Em relação à fidelidade partidária, uma das raras exceções às rígidas regras, que preveem a perda do mandato ou da suplência, permite ao candidato eleito por partido que não alcançou o direito ao funcionamento parlamentar, migrar para outra agremiação que o tenha alcançado.
Tais regras serão aplicadas a partir das eleições de 2022, embora nas eleições de 2018 esse mínimo de votos exigidos caia de 3% para 2%.
Já a vedação das coligações valerá a partir de 2020. Nesse caso, foi concedida uma saída ao partido que não conseguir o funcionamento parlamentar: ele poderá se unir em federações com partidos com os quais tiver afinidade ideológica e programática, e caso consigam o “direito ao funcionamento parlamentar pela federação”, os partidos unidos receberão o fundo partidário e terão direito ao tempo de propaganda eleitoral, sendo feita a distribuição nos termos do dispositivo constitucional.
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Há muitos anos atrás, ouvi de um advogado tributarista o seguinte: “o bom advogado tem que entender as entrelinhas da lei para ver a quem ela deseja favorecer”. Foi algo mais ou menos assim.
Eu ainda era um estudante todo entusiasmado com o Direito, achava que os membros da Escola de Frankfurt eram gênios “do bem” e que a esquerda lutava por democracia, justiça social e contra os interesses da elite exploradora. Daí eu descobri que nem sempre as grandes teses jurídicas são desenvolvidas por advogados em favor dos seus clientes, elas também são criadas nos gabinetes de servidores públicos e de agentes políticos.
Então, cabe indagar: “a quem essa PEC deseja favorecer”?
Grandes mudanças vêm ocorrendo no campo político brasileiro, e vêm de baixo para cima, do jeito previsto e desejado, lá atrás, para a tomada do poder da burguesia pelo proletariado. Só que, para desespero de muitos, as mudanças refletem um despertar da direita, a verdadeira direita, não aquela “suportável”, a “neoliberal” encontrada na “Janela de Overton da esquerda” após vários deslocamentos rumo à radicalização vermelha. Não aquele espantalho sempre tão enxovalhado, estigmatizado, a “direita do mal” que serve de bode expiatório para justificar todos os males do mundo, porcamente interpretada por néscios que seguem conceitos de doutrinadores de capacidade duvidosa e/ou ligados à ideologia marxista.
Com isso, começou uma grande movimentação de liberais e libertários, defensores de uma economia de mercado, mas que infelizmente abraçam parte da agenda da esquerda, criada para gerar o caos na sociedade – assista aos vídeos de Yuri Bezmenov [1] –, desestruturando-a a partir de problemáticas que vão muito além da economia, envolvendo o psicológico, o profano, o poder pelo poder (e a qualquer custo), a mentira e a perversão.
E há também os conservadores, que arremedos de políticos, e pensadores maquiavélicos (no pior e único sentido da palavra) e de meia pataca chamam de “onda conservadora”, à qual tentam desqualificar a qualquer custo. Experimente escrever onda conservadora no Google e veja a quantidade de “abobrismos” que irão surgir.
Sem esquecer os liberais, causa incômodo o surgimento de conservadores que decidiram expor e discutir ideias, e rebater a caricatura criada por lobos e cabeças de vento sobre esse movimento que é muito mais abrangente, e não se encerra numa ideologia política.
Primeiramente, “fora Lula e fora petê”. (Isso é ridículo, né?).
Em segundo lugar, o perfil do brasileiro é conservador, como prova, a contragosto do autor, o estudo de Alberto Carlos Almeida [2], “conselheiro” de Lula flagrado no lamentável episódio da gravação autorizada nos telefones do ex-presidente. Ele disse que para Lula evitar ser preso pela “Operação Lava Jato” deveria ser nomeado para um ministério no finado governo de Dilma Vana Roussef.
Infelizmente, há também conservadores que abraçam pautas esquerdistas por puro modismo e em respeito à odiosa ditadura do “politicamente correto”. Outros entraram em espiral do silêncio, em razão das pechas de reacionário, elite, retrógrado, fascista etc., muito em razão do sucesso da aplicação sem pudores da teoria gramsciana e de táticas esquerdistas, em especial nas escolas, na academia, nas mídias e nas atividades culturais. O objetivo era (e é) extirpar o conservadorismo.
E a esquerda estava muito tranquila com a inércia de seus “odiosos inimigos”, coadjuvantes nas manifestações políticas protagonizadas pela esquerda desde sempre, até que, cansados da rapinagem praticada pelos donos do poder, seus parceiros de empreitadas (e de empreiteiras) e até por seus falsos opositores da esquerda mais branda, começaram a se mobilizar, indo para as ruas demonstrar sua insatisfação.
Em verdade, esse “despertar” iniciou com o tiro no pé dado pelos coletivos da esquerda mais radical e suas manifestações ao estilo do pensador Slavoj Zizek – sem pautas, promovendo quebradeiras e instalando o caos, para, no final, a própria população não se opor à instauração de uma ditadura que traga a paz. Trata-se de uma etapa do projeto de desestabilização, para, dessa vez, levar à ditadura do (falso) proletariado, ou do lumpemproletariado, dado o “modus agendi” dessa leva de socialistas. Bezmenov havia denunciado essa tática.
Na ocasião, o povo reagiu à pré-definida baderna e passou a exigir que as manifestações fossem pacíficas. Uma das táticas usadas foi sentar na hora em que chegavam os “corajosos” caras-tapadas, para denunciá-los.
A esquerda, por sua vez, mobilizou-se novamente e a “sua imprensa” tratou de eleger os líderes aprovados pelos donos do poder.
Como bem esclareceu Olavo de Carvalho, naquele momento tínhamos um ambiente pré-revolucionário nas ruas, mas as vespas-joias dissiparam a massa hospedeira, e encarregaram as raposas de colocarem ordem no galinheiro. O estamento burocrático triunfava novamente [3].
(E ficou bem claro que os líderes de alguns movimentos de rua caíram no canto da sereia, pois estão “lindberghmente” mais preocupados com cargos políticos a partir das velhas legendas, que com a refutação do engodo da entrega do boi às piranhas para salvar a manada).
A partir daí começou o espetáculo circense, grotesco, o jogo de cartas marcadas para entregar o cordeiro e não comprometer o todo. A esquerda é autofágica, de tempos em tempos faz um expurgo. Chegada a hora, não se furta em cortar na carne para fingir uma volta à normalidade.
De todo o “blábláblismo” e o “mimimismo” presenciado em cadeia nacional por curiosos, revoltados, temerosos, coxinhas e empadas, pouca coisa podemos aproveitar, embora algo muito relevante tenha surgido com a exposição: vimos que somos representados por pessoas incapazes, ignorantes, que beiram ao analfabetismo, reflexo de um povo que incorporou a estultice da máxima “política não se discute”.
Outro acontecimento digno de nota, esse muito revelador, foi a denúncia feita contra o deputado Jair Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara, porque ao votar bradou o nome do Coronel Brilhante Ustra (que não foi condenado em nenhuma ação penal), ao passo em que nada sofreram aqueles que saudaram Carlos Lamarca e Carlos Marighella, terroristas que mataram inocentes e cujos nomes batizam vias e prédios públicos.
Trata-se do cumprimento da tese nº 157 do Caderno de Teses do 5º Congresso Nacional do PT [4], que determinou que fosse feita “pressão social” sobre o “congresso conservador” (como se isso fosse algo ruim) presidido por Eduardo Cunha e para cassar Jair Bolsonaro.
Fica claro que o afastamento de Cunha, corrupto como vários políticos e servidores públicos que continuam dando as cartas, era algo planejado. E a operação contou até com a intromissão do Supremo Tribunal Federal (STF) no Poder Legislativo para agilizar o processo.
Ademais, é bom lembrar que essas teses não são dirigidas apenas ao PT, mas aos partidos que comem no mesmo cocho, fruto de uma esquerda una, articulada, vingativa e vinculada segundo a moral revolucionária.
Então, vimos a CRFB ser violentada “ao vivo” por quem deveria preservar sua integridade – pessoas que, antes de tudo, são servidores públicos; e também assistimos à continuidade, no (e com muito) poder, de pessoas que enfrentam inquéritos e processos por crimes, os mais diversos, praticados, em última instância, contra o país.
E o mais engraçado é que muitos, da imprensa e do meio político, passaram ao público a impressão de que a cassação de Cunha foi mais importante que a de Dilma. Na verdade, o “sistema” não perdoa traíras, e Cunha atrapalhou o projeto de poder ao vencer Chinaglia na disputa da Presidência da Câmara dos Deputados e colocar em pauta a votação de temas incômodos ao governo – a “pauta bomba” para os revolucionários.
Apenas duas cabeças rolaram até aqui, e rolaram porque há uma lufada de honestidade e capacidade soprando no país; um “vento sul”. Mas a esquerda se reorganizou e o projeto permaneceu, com um comando não tão radical, tão “pão com ovo” – está novamente light, tocando um projeto que amarra a tudo e a todos através de leis que tornam o Estado cada vez mais plenipotenciário, só que sem a empáfia lulopetista.
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Os senadores Ricardo Ferraço e Aécio Neves se empenharam na PEC nº 36/2016 porque interessa à esquerda a diminuição do número de partidos.
Ora, se não se consegue barrar a criação de partidos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), faz-se nas Casas do Congresso. No próprio parecer fica claro que se trata de uma medida urgente, pois ali se reconhece que para fazer a reforma necessária, outras leis deveriam ser alteradas, e a pressa é mais importante no momento [5].
Segundo a assessoria de Ferraço, o número de partidos com representação na Câmara cairia de 28 para menos de 10 [6]. Logicamente, todos partidos do espectro da esquerda, como é característico da política brasileira, em que o eixo se desloca cada vez mais para a esquerda radical. Nesse contexto, Bruno Garschagen afirmou, há algum tempo, que no Brasil, os 32 partidos até então existentes, são de 32 tons de vermelho, em alusão ao sucesso editorial mundial à época. Logo, sabemos quem ficará com o poder, até porque há vários caciques fortes o suficiente para impedir que novatos se criem em seu meio.
Como a esquerda possui grande capacidade de articulação e mobilização – até porque está nisso há 150 anos –, ela sempre se une quando seus inimigos se agrupam (ou começam a se agrupar), para “matar no ninho” qualquer tentativa de ocupação de espaços que a esquerda entende ser seu.
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Nas democracias modernas, o conservadorismo se traduz como uma recusa ao estatismo, a defesa do livre mercado, a proteção da família e a oposição a medidas como a legalização de drogas e do aborto[7]. E também é bom lembrar Roger Scruton: Nós, conservadores, somos chatos. Mas também estamos certos[8].
A ideia corrente sobre o conservadorismo entre os ignorantes e os de má fé é distorcida e está longe da realidade. Dentre os espantalhos criados, há a figura do reacionário, do qual se pode dizer que é um revolucionário às avessas, pois enquanto esse pretende mudar apenas pela mudança, em busca do futuro perfeito (que, adianto, jamais virá), aquele quer mudar no sentido de voltar ao passado.
O conservador é aquele que age com cautela, preferindo preservar tudo o que deu certo e funciona bem na sociedade, a lançar-se na busca do novo apenas para satisfazer sua ânsia por mudanças, ou querer a volta de algo ultrapassado apenas por saudosismo. Ciente da imensa contribuição que a civilização Ocidental deu à humanidade, ele sustenta seu pensamento nos pilares que a construíram: a Cultura/Filosofia Grega, o Direito Romano e a Religião Judaico-Cristã. Busca o belo, é caridoso, preza pela moral, pelos costumes e pelo cumprimento da lei – de preferência onde haja poucas leis, apenas as necessárias. Dá ênfase às questões do intelecto e por isso busca aperfeiçoar seu conhecimento. Por fim, pensa que o ideal é um Estado o mais enxuto possível e adota uma política econômica liberal, sem intromissões demasiadas, que só servem para aumentar custos e prejudicar o bom andamento das coisas. E, por isso, cada cultura, cada sociedade, molda o seu conservadorismo à sua imagem e semelhança.
Evidentemente, os detentores do poder estão cientes do surgimento (com sucesso) de uma literatura de direita para atender a um mercado crescente que tende a quebrar o consenso e a hegemonia da esquerda, vigente há décadas, e estão preocupados. Grupos de estudo, cursos, palestras e hangouts se multiplicaram nas redes sociais, e têm ótima repercussão.
Por isso querem evitar a todo custo que essa onda conservadora se transforme num tsunami e se institucionalize. Não duvide, foi para sepultar de vez a capacidade de organização da massa, antes que ela se mobilizasse definitivamente para apear de vez do poder todos os maus brasileiros, que veio essa “reforma política providencial”, urgente, criando essa cláusula de barreira.
Com efeito, é mais fácil lidar com um Congresso ocupado por políticos de baixo nível intelectual, e ávidos de poder e dinheiro, que lidar com reais conservadores, geralmente mais sensíveis aos problemas da sociedade como um todo, com argumentos inquietantes e posicionamento apartado de uma ideologia nociva e robotizante, como a marxista.
Aliás, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) – que é um pouco mais inteligente que os experts em “maracutagem” do Congresso – já havia tentado isso anteriormente, em seu governo. Mas, para seu azar, o STF, em plena era do lulopetismo, que queria fatiar os grandes partidos para o seu PT reinar absoluto, declarou inconstitucional o artigo 13 da Lei nº 9.096/1995, permitindo a criação de várias agremiações.  FHC pede há tempos que se dê jeito nisso, e agora, diante de tantas mudanças, seus correligionários decidiram trabalhar nessa frente.
Sobre essa questão da inconstitucionalidade, os senadores Ferraço e Aécio “argumentam que magistrados têm mudado o entendimento sobre o assunto” e dão a seguinte justificativa [9]:
A nova composição do STF tem sinalizado publicamente para a necessidade de se incorporar ao ordenamento jurídico pátrio uma cláusula de desempenho, de forma a se conter a proliferação dos partidos e evitar a criação de legendas sem alicerces programáticos e ideológicos.
O legislador autodenominado progressista nunca se dá por vencido – toda a legislação progressista refutada é insistentemente reapresentada para aprovação, até ser feita a vontade desses seres “iluminados e sabedores das necessidades de todos”, que, em verdade, buscam apenas alterar o paradigma civilizacional para nos empurrar goela abaixo o socialismo. E é por isso que agora a cláusula de barreira vem através de uma PEC, a qual certamente será chancelada por essa que é a configuração mais radicalmente progressista e vermelha do STF desde a sua criação.
Vale lembrar, o Ministro Marco Aurélio, relator da ADIN que declarou inconstitucional a cláusula de barreira criada no governo FHC, destacou em seu voto que a norma era “esdrúxula, extravagante e incongruente” e seu texto era “injusto porque coloca na vala comum partidos como o PPS, o PC do B, o PV e PSOL, que não podem ser tidos como partidos de aluguel”. Mais: “a partir do momento em que se admite que o partido sobreviva, mas sem funcionamento parlamentar, se tem a asfixia desses partidos”. Por fim, segundo ele, a cláusula “provocaria o ‘massacre das minorias’, o que não é bom em termos democráticos[10].
Logo, a solução de diminuir o número de partidos é pouco democrática e viola o pluripartidarismo ao impedir a representatividades das mais variadas correntes ideológicas, mas a esquerda não se importa. Quer é evitar a pluralidade de ideias e a disputa ideológica com partidos realmente antagônicos, algo democrático e salutar, para manter a excrescência de só vingarem partidos políticos de um único viés ideológico – coisa da “democracia” socialista – até que reste apenas um “partidão”. É a velha reunião para formação de consenso, feita por iguais que não suportam o contraditório.
Uma das desculpas é o acesso ao financiamento público das campanhas – que agora consideram “ultra necessário” para evitar a corrupção –, mas esse não tem sequer razão de existir, porque obriga, p.ex., um conservador (que é um burguês, segundo a “semiótica revolucionária”), como contribuinte, a ajudar a pagar a campanha do PCB, cujo candidato à Presidência da República em 2014, Mauro Iasi, ex-militante do PT, afirmou criminosamente que merece uma boa bala e uma boa cova [11].
Anos-luz à frente, a esquerda continua estruturada, articulada, mobilizada e armada enquanto impede e sufoca a organização e a articulação da mais mínima oposição que possa existir ao seu projeto.
Sua capacidade de se unir sempre que seus inimigos se movimentam em qualquer que seja a frente, é de se observar e copiar: ela não dá brecha para a retomada de espaços por ela ocupados.
Então, se os conservadores quiserem formar um partido que de alguma forma influencie a política do país na construção de um futuro melhor, salvando-o das garras dos donos do poder – esses cupins de economias, inimigos da individualidade, escravizadores de populações e genocidas em potencial –, resta-lhes apertar o passo, criar um partido genuinamente conservador, aprender a jogar o jogo e se preparar para uma verdadeira guerra, seja com os acéfalos lançados nas ruas com seus bordões e comandos de ataque, seja no meio intelectual ou político.

Notas
[1] BEZMENOV, Yuri. A Subversão nos Países-alvo da Extinta URSS. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=iK4kZSU-5Cg. Acesso em 12/02/2015;
[2] ALMEIDA, Carlos Alberto. A cabeça do brasileiro. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007;
[3] Raimundo Faoro assim se referiu ao estamento: “O estamento, quadro administrativo e estado-maior de domínio, configura o governo de uma minoria. Poucos dirigem, controlam e infundem seus padrões de conduta a muitos. O grupo dirigente não exerce o poder em nome da maioria, mediante delegação ou inspirado pela confiança que do povo, como entidade global, se irradia. (...) A comunidade política conduz, comanda, supervisiona os negócios, como negócios privados seus, na origem, como negócios públicos depois, em linhas que se demarcam gradualmente. O súdito, a sociedade, se compreendem no âmbito de um aparelhamento a explorar, a manipular, a tosquiar nos casos extremos. Dessa realidade se projeta, em florescimento natural, a forma de poder, institucionalizada num tipo de domínio: o patrimonialismo, cuja legitimidade assenta no tradicionalismo – assim é porque sempre foi. (...) Num estágio inicial, o domínio patrimonial, desta forma constituído pelo estamento, apropria as oportunidades econômicas de desfrute dos bens, das concessões, dos cargos, numa confusão entre o setor público e o privado, que, com o aperfeiçoamento da estrutura, se extrema em competências fixas, com divisão de poderes, separando-se o setor fiscal do setor pessoal”. FARO, Raimundo. Os donos do poder. 5. ed. São Paulo: Globo, 2012, págs. 107, 819 e 823;
[4] Tese 157: “Neste congresso conservador e sob a presidência de Eduardo Cunha, temas como a reforma política, a lei da mídia democrática, a punição dos crimes da ditadura militar, o combate à corrupção e mesmo a cassação do deputado Jair Bolsonaro só terão chance de êxito se houver intensa pressão social”.
[5]Havíamos sugerido, em nossa proposta substitutiva anterior, apenas uma (necessária) adequação de técnica legislativa, transportando a questão também ao art. 103, inc. VIII. No entanto, de modo a refletir os últimos entendimentos técnicos das assessorias jurídicas e legislativas que nos auxiliaram no presente parecer, retrocedemos nessa posição, para suprimir tal disposição. Isso porque, além de, no mérito, ser temerário alterar essa sistemática sem uma reflexão mais aprofundada, trata-se de modificação lateral, acessória e secundária face ao núcleo normativo que ora importa efetivamente deliberar. Portanto, prescindível diante do contexto político em torno da presente discussão” (grifei). Relatório do Parecer do senador Aloysio Nunes Ferreira;
[6] CCJ do Senado aprova PEC que visa reduzir partidos no Congresso. G1, 13/09/2016. Disponível em http://g1.globo.com/politica/noticia/2016/09/ccj-do-senado-aprova-pec-que-visa-reduzir-partidos-no-congresso.html. Acesso em 13/09/2016;
[7] Castro, Gabriel. O incrível caso do país sem direita. Veja Online, 03/04/2011. Disponível em http://veja.abril.com.br/brasil/o-incrivel-caso-do-pais-sem-direita/. Acesso em 05/09/2016;
[8] FELITTI, Guilherme. “Nós, conservadores, somos chatos. Mas também estamos certos”. Época Negócios, 14/03/2016. Disponível em http://epocanegocios.globo.com/Mundo/noticia/2016/03/nos-conservadores-somos-chatos-mas-tambem-estamos-certos.html. Acesso em 13/09/2016;
[9] CCJ do Senado aprova PEC que visa reduzir partidos no Congresso...;
[10] MATAIS, Andreza. STF derruba cláusula de barreira. Folha Online, 07/12/2006. Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u87526.shtml. Acesso em 13/09/2016;
[11] Mauro Iasi – Comunista lançando ameaças de fuzilamento ao povo brasileiro. Amigos da Direita, 17/10/2015. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=hQVHzFxMakw. Acesso em 19/10/2015.

Fernando César Borges Peixoto
Advogado, especialista em Direito Público pela Faculdade de Direito de Vila Velha e em Direito Civil e Processual Civil pela Faculdade Cândido Mendes de Vitória.