Ele acorda assustado, com a respiração ofegante, sentindo
palpitações... Pouco havia passado das três horas da madrugada.
Começa a recobrar a razão e a se situar no tempo e no
espaço. Então, dá conta de que havia tido um pesadelo: um telefone tocava
insistentemente, com o som daquelas campainhas antigas (triiiiiimmmmm... triiiiiimmmmm...),
e quando ele atendia, do outro lado, uma voz de palhaço lhe dizia: - Eu vou te
matar.
Ele percebe que no filme que passava na TV – que costumava
deixar ligada quando ia se deitar para dormir –, tocava um telefone insistentemente,
e a chamada era idêntica à que ouvira no sonho.
Ele dá um sorrisinho maroto, e levanta para ir ao
banheiro. Bexiga cheia, a cachoeira não para. Parou.
Resolve pegar um copo com água, e enquanto atravessava o comprido
corredor em direção à cozinha, ouve o telefone tocar: triiiiiimmmmm... triiiiiimmmmm...
Ainda sonolento, ele se encaminha para atender, mas
no meio do caminho lembra que o telefone de sua casa é sem fio, e o som da campainha é completamente diferente. Mesmo assim, ele se encaminha para atender...
Seis da manhã. Sua esposa acorda, vê que ele não está na cama e lembra que não há alternativa senão levantar para fazer o café da manhã.
Ao chegar à sala, ela encontra o corpo dele caído ao lado do telefone.
Sofrera um infarto fulminante.