quarta-feira, 30 de setembro de 2020

O métier

 

 

No Brasil, o brilhareco dos intelectuais orgânicos da esquerda globalista é reconhecido e retroalimentado numa bolha formada por militantes, sejam político-partidários, sejam autoridades constituídas, acadêmicos, ou gente da grande mídia e do meio cultural. Carreiristas, e de olhos gordos sobre verbas estatais, vivem da troca de favores, de agitação e propaganda, de elogios mútuos, de solicitar e conceder sinecuras, de conquistar vagas no serviço público... E é possível verificar um movimento de facilitação para que os companheiros de viagem, que dividem a mesma visão de mundo, ocupem os espaços para permitir a utilização da máquina estatal com vistas a acelerar a marcha da revolução.

Sua produção intelectual é, em regra, insignificante e de baixa qualidade. Vivem basicamente da repetição de ideias de terceiros mais capacitados ou da adaptação das teses progressistas do momento; e transmitem essas ideias em saraus, debates, colóquios, nas salas de aula (onde possuem audiência cativa: os alunos), na grande mídia (onde falam “especialistas”), em manifestações da classe artística, nos livros que escrevem ou em qualquer lugar em que haja uma plateia adestrada, pronta para consumir seu produto sem fazer questionamentos antagônicos. O objetivo é formar consensos, e por isso essas ideias serão exaustivamente transmitidas por intelectuais orgânicos em seus respectivos campos de atuação.

É interessante observar que toda a produção do pensamento socialista globalista encontra sempre um mecenas, um patrocínio. Já as vozes discordantes que porventura frequentarem quaisquer desses meios serão constrangidas a entrar em espiral do silêncio. E não é só isso. Quem não comunga do pensamento hegemônico é considerado inimigo, um pária a ser calado e que nem mesmo merece viver (dê-lhe uma boa bala e uma boa cova 1).

Como podemos ver, não há nada de intelectual, apenas militância. Não há espaço para a verdadeira discussão de ideias; o contraditório não é bem vindo; e a verdade é temida e odiada pela capacidade de destruir o atraso e a mentira inerentes à ideologia que abraçam. WALSH, sobre a Teoria Crítica e o progressismo em geral, ilustra bem isso: “Não pode haver sequer um raio de luz na escuridão, senão as pessoas entreverão a verdade” 2. Não veem o sol, e é possível que muitos nem saibam de sua existência.

Com efeito, é preocupante o fato de que a disseminação dessas “ideias que podem circular” já inicia no ensino médio, mas avança sobre as criancinhas do ensino fundamental. Essa é a razão de já chegarem lobotomizados às faculdades; e é por isso que passou da hora do enfrentamento robusto contra essa militância organizada que ocupa espaços e divide a sociedade em vários grupos identitários que serão conquistados mais facilmente.

A finalidade é apagar quaisquer resquícios da nossa civilização e nos tornar escravos numa sociedade planificada, composta de um núcleo forte administrador que comanda um juntamento de pessoas inertes, manipuláveis, amedrontadas, dependentes do Estado e cada vez mais infantilizadas e ignorantes. São esses engenheiros sociais que querem nos fazer acreditar que lutam para nos entregar um futuro promissor, sem guerras, sem desigualdades. Enquanto isso, o Brasil afunda no atraso, como qualquer outro país que tenha seguido esse ideal marxista.

Basta!

 

Notas

1 Síntese do poema “O interrogatório do homem de bem”, de Bertolt Brecht, recitado pelo Professor Mauro Iasi, que se candidatou à Presidência da República em 2014 (Comunista Mauro Iasi incita o assassinato de todos os conservadores. Terça Livre TV, 18/10/2015. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=1Ls6edhtDDI>);

2 walsh, Michael. Escola de Frankfurt: o palácio de prazer do demônio – o culto da Teoria Crítica e a subversão do Ocidente. Campinas: Vide Editorial, 2020, p. 144.

 

Fernando César Borges Peixoto

Advogado, niteroiense, gosta de escrever e, de certa forma, é um saudosista.

 

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Desarticulados

 

Jair Messias Bolsonaro foi eleito Presidente da República Federativa do Brasil, em 2018, com 57 milhões de votos de brasileiros que optaram por jogar na lata do lixo todo o modo de fazer política então vigente. Eles queriam romper com as ideias e ações de um establishment corrupto, elitista, alheio às suas pretensões, que sempre agiu em defesa dos interesses próprios e com ganas de extirpar da sociedade todos os resquícios da nossa matriz civilizacional.

É flagrante o temor da revelação (felizmente, já constatada por muitos) de que o país não se desenvolve porque os donos do poder não permitem, para preservar e aumentar seus privilégios; e que a pobreza e a dependência do Estado são mantidas porque geram votos e sustentam a submissão da população. Teme-se, inclusive, a promoção da verdadeira revolução do Estado no trato com a população que o governo do conservador Bolsonaro pode realizar, e é por isso que o establishment, contando com uma imprensa subserviente e militante 1, usa a própria máquina pública contra o Chefe do Executivo para sabotar seus planos e atrapalhar suas ações.

O grito das vítimas do atraso artificialmente provocado por uma casta que se entende superior vem sendo sufocado. A “casta superior” se articulou e vem jogando pesado e de forma desonesta, esperneando, censurando, criando factoides e tribunais de exceção para conter o avanço conservador.

Os eternos vencedores continuam vencendo, pois essa nova (e real) oposição não é estruturada, e por isso não oferece resistência inteligente nem uma alternativa robusta. Segue apenas na garra, defendendo a verdade (o que já é muito), e de forma orgânica; e impressiona pelo volume.

Aos defensores da verdade, movidos pela revolta dos justos, mas ainda desarticulados, cabe perguntar: até quando ficarão dispersos?

 

Nota

1 “Algumas verdades precisam ficar muito claras para o leitor da grande mídia. A primeira delas é que os meios de comunicação modificaram sua função, passando desde sua função ideal informativa para a transformadora da sociedade. A segunda é uma consequência da primeira: o mundo retratado pelos jornais é bastante diferente do mundo existente na mente da maioria da população e mais diferente ainda do mundo real em que todos vivemos. O viés ideológico na mídia é hoje algo fora de dúvida”. (DEROSA, Cristian. Fake news: quando os jornais fingem fazer jornalismo. Florianópolis: Estudos Nacionais, p. 40). Assim, estudantes de jornalismo aprendem na Academia que a profissão os capacita como “agentes da transformação social”, o que os leva a abandonar o compromisso ético de apresentar os fatos da forma mais próxima da verdade para esconder fatos ou criar narrativas adequadas aos seus propósitos.

 

 

Fernando César Borges Peixoto

Advogado, niteroiense, gosta de escrever e, de certa forma, é um saudosista. 

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Dilma soltou um Barroso no STF

  

Em suas declarações, o ministro Luiz Roberto Barroso, do STF, que se autodenomina um iluminista, deixa claro que sua suposta inteligência superior lhe confere prerrogativas para decidir o que é ou não conveniente a nossa sociedade. Dessa forma, destina aos brasileiros iletrados o papel de contribuintes responsáveis, que mantêm os luxos concedidos à elite do serviço público, e avoca para iluminados como ele o dever de tomar as decisões importantes para os rumos do país. E é por isso que não encontra impedimentos à implantação, pela via do Judiciário, da Agenda 2030 que ele já aprovava desde a advocacia, quando atuou pela liberação da maconha e do aborto (eufemismo para assassinato de criança no ventre da mãe). A agenda, em verdade, é uma excrescência cruel, divisionista, elitista e anticivilizatória criada pelos globalistas, outros que se consideram iluminados, mas a nível mundial, mas ao povo não cabe se opor.

Investido com o poder de magistrado da mais alta corte do Judiciário, ele pretende levar adiante seu projeto, tomando decisões que vão impactar o modo de pensar e de agir da sociedade que não lhe outorgou mandato algum, nem clamou pela continuidade das mudanças que vinham sendo empurradas pelos políticos rejeitados nas urnas. Basta algum partido da esquerda judicializar uma pauta da Agenda 2030 que não tenha passado pelo crivo do Congresso Nacional, em franca burla ao Estado democrático de direito, que Barroso abraça a causa.

Com efeito, o ministro já nem esconde seu desprezo por aquela parcela do povão que considera incapaz de eleger um representante ou de gerir sua própria vida; entende que não há motivos para se preocupar, pois o exercício e a manutenção do seu cargo não precisam dos votos das pessoas que a compõe, já que o cargo é vitalício. Por outro lado, reconhece que há uma parcela que é menos povão que a outra, e merece, sim, sua atenção; e é por isso que divide seu precioso tempo com youtubers medíocres com grande projeção na mídia e nas redes sociais, e cujos pensamentos são convergentes com os seus. Ele quer que seu discurso chegue àqueles que de bom grado servem de massa de manobra para dar continuidade à longa marcha da revolução, como a audiência do cosplay de foca ou do adivinho do caos sem orelhas, p.ex., pessoas a quem ofereceu os holofotes e os megafones dos quais o poder dispõe. Aí o ministro é puro amor. Já em relação aos adeptos de correntes de pensamento contrárias, Barroso destina os rigores da lei, a fim de calar suas vozes e fazê-los entrar em espiral do silêncio. Aqui entra em campo o contorcionismo jurídico, como na “expansão do conceito de espaço físico do STF” e no aval para a criação de um tipo penal cuja punição retroage – o execrável delito da “fake news”, que seria um “crime próprio” praticado apenas por conservadores que fazem postagens em redes sociais e apoiam Jair Messias Bolsonaro.

Não parece correto que autoridades das “instituições democráticas que funcionam" atuem deliberadamente contra o povo, dono do poder, se vivemos numa democracia.

Por fim, uma particularidade dessa figura da República que não se envergonha por sua incoerência de nível ginasiano, típica de oligofrênicos ou mentirosos: o ministro, que viveu, estudou e palestrou nos EUA, e atacou o Presidente do Brasil em inglês macarrônico, acusando-o de apoiar a ditadura, não explica o que significa um luminar das ciências se consultar com o curandeiro João de Deus. Seja estultícia ou mentira, isso não combina com o cargo, nem com seu ego de deus do Olimpo das Ciências. É fato.

Mudanças são muito bem vindas, e precisam acontecer...

 

Fernando César Borges Peixoto

Advogado, niteroiense, gosta de escrever e, de certa forma, é um saudosista.