sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

O Papa Francisco e o criminoso não arrependido



É necessário refletir e lembrar, antes de crucificar o Papa Francisco, que ele não é/foi o primeiro nem será o último da história a conferenciar com figuras abjetas no Vaticano. Quantos tiranos, assassinos, genocidas já não foram recebidos pelos Chefes desse Estado (sim, o Papa é também um Chefe de Estado), inclusive por questões protocolares, através dos tempos?
Há até alguns pontificados que envergonham o fiel católico, basta ver a história.
Um número expressivo de católicos (que os fiéis de outras religiões se ocupem com seus problemas, que não são poucos) possui a nítida impressão de se tratar de um pontificado claudicante – e pode haver verdade ou exagero nessa colocação –, mas o certo é que esse momento delicado está promovendo o maior engajamento do verdadeiro fiel da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Então, oremos pelo Papa Francisco.
Observe-se, porém, que a promessa de Jesus Cristo permanece, e as portas do inferno não prevaleceram (nem prevalecerão!) sobre a Igreja que Ele criou, ainda que volte a ser composta de 12 reunidos clandestinamente.
Ninguém pode negar, em sã consciência, o incômodo da visita do ex-presidente Lula; é um momento triste, até porque o criminoso há pouco disse que seu partido deve retornar "às bases", o que se materializa nas comunidades de base da Igreja Católica; e a recepção papal acaba servindo como chancela do Sumo Pontífice a essa fase de regresso ao berço do agora "Lulinha paz e espiritualidade".
Atenção! Até livro intitulado “Lula e espiritualidade – Oração, Meditação e Militância” está sendo lançado.
(Aliás, também é verdade que o meliante pediu aos comparsas para "investirem pesado" nas religiões cristãs protestantes; parece querer enfrentar os conservadores, obstáculos à concretização do plano de poder da esquerda véia-de-guerra.)
E não se pode esquecer de todo o simbolismo que envolve tal figura: com ajuda de companheiros que representam a "nata" da teologia da libertação (Boff, Betto...), criou-se a imagem do homem que cura; que olha pelos pobres; que é a salvação de todos... O próprio Messias encarnado.
A ideia materialista de recriação do Reino dos Céus aqui na Terra - e os males de todo esse projeto obscurantista -, que retira a transcendência e inocula nas massas ignaras a religião do Estado com seus santos e deuses (seja a que vertente revolucionária os envolvidos pertençam), deve ser imediatamente desmascarada; explicada, e em linguagem acessível, pelos pastores dos rebanhos cristãos, a todos esses fiéis fervorosos, "ávidos por cultuarem", e que, para não facilitar, foram vítimas da educação paulofreiriana.
Se deixar, eles serão desviados facilmente.
É uma bomba-relógio que pode explodir em (e as) nossas cabeças.
Orai, vigiai e agi.

Fernando César Borges Peixoto
Advogado, niteroiense, gosta de escrever e, de certa forma, é um saudosista.