segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Romualdo Vampirescu

 

Havia meia dúzia de moleques no bairro que estudavam no horário da manhã e passavam o dia inteiro jogando bola num terreno baldio, que chamavam de “grund” – como no livro “Os meninos da Rua Paulo” –, ou curtindo outras brincadeiras. Nas férias escolares eles dobravam a meta.

Quando batia a fome, arrancavam frutos de uma mangueira antiga que ficava no canto do grund ou pulavam o muro da casa da dona Aurora escondidos e catavam goiabas. Quase sempre tinham que correr dos cachorros.

Algumas vezes optavam por sentir fortes emoções e arriscavam invadir uma propriedade com fama de mal assombrada no fim da Rua da “Fábrica” de Banana. Era uma chácara incrustada entre dois morros onde havia um pequeno pomar que atraía as crianças e os adolescentes que adentravam o local por um caminho estreito vindo do morro da esquerda. Na realidade, o acesso era complicado.

Corria a lenda de que o proprietário era um vampiro e todas as crianças do bairro tinham verdadeiro pavor dele. Por isso era chamado de “seu” Romualdo Vampirescu – o apelido, que ele desconhecia, fora colocado por um senhor viajado que disse que na Romênia, terra do Conde Vladimir Drácula, os nomes terminavam com “escu”. Era uma figura que só aparecia à noite, com aspecto soturno, sisudo e apavorante. Seus dentes compridos e amarelões e os tufos de cabelos saindo pelas ventas e orelhas ajudavam a assustar ainda mais as crianças e a confirmar a fama de “monstro”.

Só valia à pena a travessura porque no local havia muitos pés de fruta de espécies variadas, incluídas algumas não muito usuais, como jaca, abiu, carambola, pitanga, abacaxi, abricó e ameixa. Mas não faltavam mangas, goiabas e laranjas.

Naquele dia, Léo Zarolho, Macarrão, Piolho e Formiga foram jogar carteado valendo dinheiro na casa de Rato Velho. Estavam sorridentes até aparecer um pessoal estranho por lá – eram “empreendedores” que queriam abrir uma boca de fumo num dos morros. Como todos os forasteiros estavam muito bem armados, os quatro ficaram se borrando de medo e passaram a rezar em pensamento, pedindo a Deus para perderem a rodada de “monte inglês”. Pouco mais de quinze minutos ali foi o suficiente para cascarem fora, apavorados.

Porém, como a mente vazia é oficina do capeta, resolveram ir à chácara comer umas frutas. Só que, além do “Vampirescu”, ali vivia também o seu Toinho, o caseiro encarregado de cuidar da chácara e de colocar a meninada para correr. Ele dava tiro de sal, o que deixava a todos com medo porque as feridas não cicatrizavam.

Entre os revólveres e escopetas ou os tiros de sal os meninos preferiam os últimos porque poderiam comer e ainda carregar frutas bem apetitosas sem precisar arriscar o pescoço e seus trocados.

Piolho adorava jaca e a jaqueira foi o primeiro pé de fruta que buscou. Os outros preferiram aproveitar as frutas menores, pois se seu Toinho chegasse já estariam satisfeitos. Após chuparem umas mangas carlotinhas e quatro mangas-espada e arrancarem três jacas de tamanho médio, lá veio o caseiro, xingando e ameaçando atirar, o que fez quando chegou mais perto.

Num piscar de olhos, Macarrão e Léo Zarolho, os mais velhos, deixaram as frutas para trás e já estavam a léguas de distância. Formiga catou duas mangonas e Piolho se atracou com uma jaca.

No meio do caminho, em desabalada carreira, Formiga caiu no chão e fechou o caminho de “lá vai um”, dizendo para Piolho que ele não ia ficar sozinho não. Mas, bastou outro tiro ser disparado para Piolho sair pisando Formiga, que gritava por causa do peso de seu amigo. As mangas ficaram para trás, a jaca não.

Ao chegarem ao grund com segurança, os medrosos Macarrão e Zarolho, com o coro engrossado por Formiga, exigiam de Piolho um naco da jaca que ele trouxera grudada ao corpo como um jogador de futebol americano esconde a bola para marcar seu touchdown.

Ao descansar a fruta no chão, o gordinho viu que sua barriga estava toda marcada de furinhos desenhados pela casca da jaca. Ficou fulo e, depois de xingar um palavrão daquele tamanho, falou que não dividiria porque ninguém se preocupou com nada por medo do seu Toinho enquanto ele se arriscava ao trazer algo tão pesado. Eles insistiram, lembraram a amizade e, por fim, ameaçaram tomar na mão grande.

Piolho entristeceu, disse que não queria mais a jaca e foi embora – descobriu depois que estava “de vez”, e que ninguém aproveitou nem um gomo.

Mais tarde, já à noitinha, ele pensou nos perigos por que passou naquele dia, e apesar de experimentar uma excitação ímpar na vida de um menino de sua idade, percebeu que as coisas começavam a ficar sérias, sérias demais: dos jogos de azar com gente desconhecida e fortemente armada à invasão de propriedades com o risco de tiros de sal, passando pela surra que poderia tomar dos amigos... E ainda havia a possibilidade do seu Romualdo aparecer de madrugada, voando com uma capa escura através da janela do seu quarto, com seus caninos à mostra e sedento de sangue.

Apesar de não guardar mágoa dos amigos, porque era comum uns darem cascudos nos outros e horas depois tudo voltar ao normal, Piolho não apareceu mais no grund. Perdeu o gosto pelas frutas catadas na rua e nas casas alheias, emagreceu e, certo de que deveria crescer e mudar, deu um rumo diferente a sua vida.

Bem mais tarde soube que o temível Romualdo Vampirescu morreu. Não foi com uma estaca cravada no coração, uma cruz que lhe queimou a face, um banho de água benta e nem com um cordão de alho envolvido em seu pescoço.

A baioneta do seu Toinho ficou calada. A chácara foi vendida. Mas, já não fazia tanta diferença.

 


Fernando César Borges Peixoto

Advogado, niteroiense, metido a escritor, ensaísta, cronista e contista, além de saudosista

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

“Qualé”, bicho?

Sumário: 1. Introdução. 2. minha bondade Muda o mundo: 2.1. Proteção de animais no Brasil: amor que dura até a esquina, depois das fotos postadas no face; 2.2. Proteção de animais no mundo: “homo caninus et felinus” e “habeas primate”; 2.3. Paz e amor e zoofilia; 2.4. Deus Pai vs. mãe Terra: heresia da libertação e ecologismo; 2.5. “Ser humano vs. ser humano” na atualidade: dá para levar ao pet shop?; 2.6. Sentimentalismo tóxico: Dalrymple visto “muito ‘en passant’”. 3. O PROCESSO DE IDIOTIZAÇÃO. 4. Conclusão.


1. Introdução
Nesse estudo, analiso a relação entre homens e animais, esses que, para alguns, são seres que a mamãe-natureza determinou que povoassem a Terra em igualdade de condições com o homem” – o único racional dentre todos –, em tempos nos quais seres humanos vítimas de agressão dos mais variados matizes são tratados de forma seletiva pela imprensa de má qualidade e por certos setores progressistas da sociedade.
A reboque do projeto hegemônico do pensamento único esquerdista, experimentamos a miséria da ditadura da minha opinião bacana politicamente correta. E é importante afirmar que a estratégia do politicamente correto foi urdida para censurar, envolver em espiral do silêncio quem se opõe a pautas cujo objetivo é fomentar a discórdia no seio da sociedade, cumprindo a velha tática do dividir para conquistar, de Sun Tzu 1, lembrada pelo agente dissidente russo Yuri Bezmenov em palestra na qual mostrou ao Ocidente o modus operandi da extinta União Soviética na subversão de povos inimigos. Disse ele que o processo de desmoralização, primeiro estágio da subversão, visa a acabar com as ligações sociais e familiares mantidas naturalmente, como visa também a distrair as pessoas no campo da educação, seja pela doutrinação, seja pela inclusão de disciplinas com conteúdo insipiente em currículos escolares para idiotização de estudantes, tornando-os fiéis seguidores de conceitos que notadamente obstacularizam as ligações sociais.
Embora num primeiro impulso seja possível pensarmos que se trata de teoria da conspiração, cabe lembrar que esse é o não argumento, recurso rasteiro que busca desqualificar o debate, utilizado em regra por manipuladores de massas ou pelos que sofrem da falta de conhecimento.
Por fim, é importante esclarecer que a crítica não é direcionada a todos os amantes de animais, menos ainda a quem se doa sem alardes. A demanda aqui é contra os ativistas de ocasião.

2. minha bondade Muda o mundo
2.1. Proteção de animais no Brasil: amor que dura até a esquina, depois das fotos postadas no face
Dia desses um defensor de animais abandonados declarou nas redes sociais, sem nenhum pudor, que a burguesia se incomodava com seu trabalho “cuti-cuti” filantrópico. Além da preocupação que sinto com essa falta de freios dos ativistas, pelas regras de experiência percebo que essa é a senha para uma futura arrecadação de dinheiro público, da qual se valem aqueles que desejam mudar o mundo à custa do dinheiro dos outros.
Quer uma boa medida do que vem acontecendo? O artigo 121 do Código Penal prevê pena mínima de seis anos para homicídio simples (matar uma pessoa), podendo diminuir de um sexto a um terço da pena na hipótese do § 1º 2. Enquanto isso, os ativistas se mobilizam pela alteração da Lei nº 9.605/1998, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. O intuito é majorar significativamente a pena do artigo 32, hoje com o seguinte texto:
Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.
§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.
Baseado em estatísticas não documentadas sobre sofrimento de cadelas, o movimento Marcha da Defesa Animal quer a majoração da pena do caput para oito anos e um mês a dez anos, ao que parece, de reclusão; e, se o animal morrer, a equiparação ao crime de estupro e pena fixada entre doze e trinta anos de reclusão 3. Há também pedidos para estabelecer pena entre oito anos e um mês a doze anos aos casos de zoofilia (abuso sexual dos animais) e, por fim, de: aumento de pena para tráfico de animais silvestres; revogação de norma do CONAMA que autoriza a posse de animais silvestres de origem ilegal; fim do uso de cães de guarda em estabelecimentos comerciais; e fim do uso de animais em testes para medicamentos, cosméticos e outros experimentos com aplicação de substâncias químicas, incluídas as atividades que causem sofrimento ao animal.
Mais: um post da Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA) fala da legalidade da “entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências, a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser”. A finalidade é defender a invasão de propriedades privadas para resgatar animais que estariam sofrendo em seu interior. Segue trecho da notícia 4:
A Constituição Brasileira declara, no seu artigo 5º, XI, que “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”.
Nada existe no nosso ordenamento jurídico que nos leve a entender que esta norma tenha por destino a prestação de socorro, exclusivamente, ao animal humano. Não tem fundamento e é arbitrária qualquer restrição ao texto constitucional pois o próprio artigo 225, §1º, inciso VII, afirma incumbir ao Poder Público a vedação das práticas que submetam os animais à crueldade. (...)
Manter-se inerte diante de um ato de maus-tratos é conduta moralmente censurável, que só faz crescer a audácia do malfeitor“, conforme nos faz lembrar o brilhante Promotor de Justiça de São José dos Campos – São Paulo, Laerte Fernando Levai em sua obra “Direito dos Animais”. (grifei)
Isso lembra as invasões do Instituto Royal por ativistas para salvar animais utilizados em testes. O instituto possuía autorização estatal para funcionar, mas está fechado. Como saldo: empregos perdidos, tributos não arrecadados, destruição do patrimônio privado e pesquisas interrompidas.
A visão utópica de mundo comprada e alardeada por comunistas, progressistas, populistas, vitimistas e ativistas não se repete na vida real. Prova disso é que, após tanto tempo, um cão da raça beagle ainda perambula nas proximidades do prédio onde funcionava o instituto. Segundo a vizinhança, a cadela, que pertencia ao Royal, “dorme na rua, pegou sarna e já foi vista revirando lixo em busca de comida” e, além disso, precisa de tratamento veterinário, pois está perdendo pelos. Um empresário local “tentou contato com ativistas e organizações protetoras de animais pelas redes sociais, mas não teve retorno5. Ou seja, depois do estrago causado acabou o amor. Na verdade, os ativistas fizeram seu circo, destruíram bens alheios e não assumiram o ônus de suas bravatas.
Há também os que defendem que o Estado construa hospitais veterinários, Essa discussão acontece enquanto falta dinheiro para tratar da saúde de humanos e significa dizer que acham justo tirar mais do contribuinte para salvar animais, pois esquecem que o Estado não produz dinheiro, apenas toma do contribuinte para geri-lo muito mal depois.
Seguindo. Em Vitória-Espírito Santo, foi encontrada uma gata morta a enxadadas no Parque da Pedra da Cebola,o terceiro caso de maus-tratos a animais registrado na Grande Vitória em uma semana. No dia 29 de junho, moradores denunciaram o envenenamento de cães em Jardim Camburi. Já no dia 02 deste mês, o Folha Vitória denunciou o caso de um gato que foi maltratado dentro de uma área de supermercado em Vila Velha6. Após campanhas marcadas por indignação nas redes sociais (o que é legítimo) foi convocado um evento para cobrar soluções das autoridades e mobilizar a sociedade. A manifestação reuniu cerca de mil e quatrocentas pessoas numa caminhada em 11/07/2015. Segundo a organizadora, luta-se para que “a Justiça seja feita a todos os animais que são maltratados. Atualmente, essas pessoas agridem, matam os bichos e os crimes ficam sem punição. Nossas vozes irão pedir justiça para os que, por si só, não podem fazê-lo7.
Infelizmente, a morte de seres humanos, em regra, só gera revolta e manifestação na rua se a vítima pertence a uma minoria e serve de bandeira para pessoas inescrupulosas ou se é traficante ou alguém de comunidade carente que pode trazer ganho ao tráfico com a exposição da polícia na mídia, p.ex. Nesses casos, o povo, mediante ameaça ou promessas, toma o asfalto e promove atos de vandalismo, enquanto jornalistas justificam dizendo que é culpa do capitalismo.
Ainda em Vitória, no bairro Jardim da Penha, aos sábados, um carro de som convida pessoas para adotarem animais que um grupo recolhe e põe à disposição dos interessados. É uma bela atitude, mas penso que seria muito mais honroso promover campanhas convidando pessoas para participarem de reuniões onde expositores e voluntários discutissem e acabassem com as dúvidas daqueles que pensam em adotar crianças abandonadas ou (financeiramente) orfanatos e asilos.
A campanha de crowdfunding no site Kickante para a compra da nova sede da ONG Santuário Animal Rancho dos Gnomos, encerrada em 03/09/2015, arrecadou mais de um milhão de reais 8, recorde do site. A quantia surpreende, num momento em que vivemos uma severa crise de cunho ético, político, econômico e financeiro. O programa CQC divulgou a campanha, que também recebeu apoio do grupo Porta dos Fundos, recentemente agraciado pela Lei Rouanet com sete milhões e meio de reais para patrocinar um filme 9. É interessante ver ações como essa num país onde, apesar dos dados oficiais omitirem (e mentirem), há uma enorme população carente que conta com poucas campanhas buscando aplacar um pouco dessa miséria, como as da ActionAid 10 e da Plan International Brasil 11. Embora as propagandas veiculadas na TV utilizem imagens de crianças para dar maior dramaticidade à questão 12, infelizmente as campanhas não contam com um engajamento de tamanha magnitude e generosidade dos setores de maior visibilidade da nossa sociedade ou da mídia.
Por fim, anos atrás, selecionado para “causar” (criar polêmica), um participante do Big Brother Brasil 5 fez escola ao ser eliminado com 92% de rejeição dos espectadores afirmando algo simbólico: “Quanto mais conheço as pessoas, mais eu amo meus cachorros13.

2.2. Proteção de animais no mundo: “homo caninus et felinus” e “habeas primate”
No âmbito internacional, inicio com o desrespeito a tradições milenares por ativistas de uma organização sediada em Washington-EUA, que protestaram na sede do Governo de Yulin-China contra o abate anual de cães para o tradicional festival de comida feita com carne de cachorro 14. Embora a China não proíba o consumo da carne de cachorro, os ativistas suscitaram leis sanitárias e administrativas para exigir a proibição do festival em razão do “comércio ilegal de carne de cachorro”, e pediram a punição pelo transporte ilegal de cães, pois muitos são animais de estimação tirados de seus donos. As autoridades afirmaram que não organizam o festival e dispersaram os ativistas.
Já em Trigueros del Valle (Valladolid-Espanha) uma lei reconheceu a cães e gatos direitos semelhantes aos conferidos a humanos e os elevou à categoria de residentes “não-humanos”. A lei ainda baniu touradas e ações que mutilem ou matem qualquer residente não humano 15.
Na Argentina, foi concedido “habeas corpus” (HC) a um orangotango, que recebeu tratamento de pessoa jurídica. A decisão considerou que o animal, nascido em cativeiro, goza de comprovada capacidade cognitiva e por isso é injusto ficar confinado. Também foi autorizada sua transferência para o Brasil, onde irá desfrutar a liberdade com outros animais de sua espécie.
É importante destacar que outros pedidos como esse foram denegados 16, o que mostra violação à jurisprudência para criar um precedente “inovador” 17. Para os advogados que impetraram o writ, Sandra, um orangotango da Sumatra, “estava sofrendo com o cativeiro e por ser exibida às pessoas que visitam o zoológico de Palermo”. Ela “não só demonstrava essas características em várias fotografias como, além disso, estava ‘privada de liberdade’ de forma ilegal, ou seja, estava presa. Por essa razão ela deveria ter os mesmos direitos que um ser humano18. De outro lado, Adrián Sestelo, chefe de Biologia do Zoológico de Palermo, refutou tais argumentos e afirmou que pedidos como esse são feitos por ativistas que desconhecem o comportamento natural das espécies 19:
Os orangotangos são animais solitários e muito tranquilos, que só se juntam para acasalar ou cuidar de suas crias. Desconhecer a biologia da espécie, alegando injustificadamente maus-tratos, estresse ou depressão do animal, é incorrer em um dos erros mais comuns dos seres humanos, que é humanizar qualquer conduta animal. Sandra é objeto de cuidados excepcionais e vive em solidão porque é o que a sua espécie requer. 
Comentando a decisão judicial com rara lucidez, o biólogo afirmou que esse foi um duro golpe no ordenamento jurídico do país, onde as normas civis consideram animais como coisas, e ainda abre precedentes para outras espécies de animais.
E ele não estava equivocado. Em 20/04/2015, a ministra Barbara Jaffe, do Tribunal Superior de Nova York-EUA, concedeu liminar em HC aos chimpanzés Hercules e Leo, assegurando sua liberdade e o direito de pedirem em juízo o reconhecimento de prisão ilegal no laboratório da Universidade onde viviam e eram utilizados em experimentos médicos. Em juízo, citando a decisão argentina, os advogados da organização The Nonhuman Rights Project alegaram que os animais “são seres inteligentes, complexos sob os aspectos emocional e cognitivo, autoconscientes, autônomos e têm autodeterminação”. Concedida a liminar, um deles afirmou que os predicados dos chimpanzés constituiriam “mérito suficiente a alguns direitos humanos básicos, tal como o direito contra detenção ilegal e tratamento cruel20.
Por fim, há o Zimbábue, país dirigido com punhos de ferro há mais de 30 anos pelo ditador milionário Robert Mugabe 21, acusado de fraudes em eleições, expropriação de bens, perseguição a opositores, práticas racistas e de maltratar o povo. O país possui um dos piores índices de desenvolvimento humano (IDH) e um dos maiores percentuais mundiais entre os que vivem abaixo da linha da pobreza. Não há manifestações ou mobilizações nacionais ou globais contra suas covardias. Todavia, tomou conta do noticiário mundial a morte de Cecil, leão “símbolo do país” 22 que contava com treze anos, e vinha sendo objeto de estudo pela Universidade de Oxford. Ele foi morto numa caçada esportiva, prática autorizada cuja é legitimidade atacada por ativistas que desconhecem a necessidade de conter o aumento populacional indiscriminado de determinados animais perigosos. No caso, gerou-se a revolta porque o leão estaria numa reserva protegida – Parque Nacional Hwange – e foi atraído para a “zona livre” onde foi abatido, degolado e teve a pele arrancada 23. Dois cidadãos do Zimbábue dirigiram a caçada e teriam recebido cerca de cinquenta mil dólares. Foram acusados de caça ilegal e podem ser condenados a até quinze anos de prisão. O país ainda pediu a extradição de Walter Palmer, o caçador americano que o matou, para julgá-lo segundo as leis daquela ditadura. Em sua defesa, ele disse que estava acompanhado de guias profissionais que deveriam garantir a legalidade da caça. Com a repercussão do fato, ele tirou sua página pessoal das redes sociais do ar e fechou as portas e o site de seu consultório, que se transformou num local de verdadeira peregrinação, onde fotos e bichos de pelúcia foram depositados. A maior preocupação dos benevolentes amantes de animais foi com o linchamento moral do caçador que, em última análise, é um ser humano passível de falhas.
A imprensa repercutiu que, junto a outros países africanos, o Zimbábue “luta para coibir a caça ilegal que ameaça a vida selvagem da região”. Porém, o maltratado povo zimbabuano, esquecido pela mídia, não sentiu a perda por sequer saber da existência do leão “símbolo do país”: “... os ambientalistas reconhecem que os zimbabuanos, incluindo muitos operadores do safári, não conheciam Cecil, e que antes de sua morte a fama do leão não ultrapassava o seleto círculo de pessoas que podiam viajar até Hwange24.

2.3. Paz e amor e zoofilia
Ultrapassada a fase dos maus-tratos (que devem ser rechaçados, mas não colocados acima das relações humanas), cabe lembrar que os progressistas não conhecem limites, e por isso sempre procuram “avançar” nas questões que consideram de grande importância para toda a humanidade.
Peter Singer, filósofo, professor de bioética e ateísta que sustenta a bestialidade em um de seus livros, em programa de TV exibido nos EUA defendeu o sexo oral de uma mulher em seu cachorro 25. Ele assegura que seres humanos e animais podem desenvolver relações sexuais mutuamente prazerosas se não há “relação de dominação”. Então, não havendo prática de crueldade e, se o cão é livre, não há problemas. Indagado sobre isso ser bizarro, ele disse que essa é uma reação normal das pessoas, mas salientou que embora possa ser bizarro não é errado.
Há notícia também da holandesa Dominique Lesbirel, que ficou viúva depois de 8 anos casada com um gato e deseja se casar com Travis, um cão, após o período de nojo pela viuvez recente. Ela é proprietária de uma empresa que faz casamentos “on line” entre pessoas e animais, e segue algumas regras para realizar a celebração: “... só realizo casamentos envolvendo animais domésticos. Em algumas partes do mundo, sei de pessoas que mantêm tigres e leões como bichos de estimação. Eu não caso pessoas com esses animais [e] também preciso ter certeza de que há amor verdadeiro e respeito pelo animal26. Após ser ameaçada de morte por pessoas que acreditam que ela incentiva o sexo entre homens e animais, ela afirmou que “jamais concordaria com tais atos cruéis contra animais. Farei tudo que puder para que as pessoas tratem os animais com amor, bondade e respeito. É por isso que estou planejando me casar com Travis. Ele me dá muita alegria e amor incondicional. Só quero celebrar esse laço27.

2.4. Deus Pai vs. mãe Terra: heresia da libertação e ecologismo
Avançando ainda mais no tema da diminuição da dignidade do ser humano, agora no contexto da nova religiosidade que vive em simbiose com a ecologia – essa causa bilionária –, SANAHUJA reproduziu o discurso da militante Irmã Donna Geernaert que, no Plenário da União Internacional de Superioras Gerais (UISG), em maio de 2007, afirmou 28: “Uma espiritualidade ecológica chama as/os religiosas/os a trabalhar com a comunidade terrestre ampliada, para formar um processo planetário integral. Centra-se na recuperação da intimidade humana com todos os elementos que participam do universo do ser”.
Como se vê, a falsa religiosa distorce a doutrina católica e coloca a criatura humana no mesmo patamar dos demais seres vivos, utilizando a falácia da “comunidade terrestre ampliada”, que iguala todos os seres viventes sobre a Terra. E para encerrar a questão dos excessos do ecocentrismo, destaco novamente SANAHUJA sobre a importância da natureza e a prevalência do homem 29:
...muitos encontram tranquilidade e paz, sentem-se renovados e revigorados quando entram em contato direto com a beleza e a harmonia da natureza. Existe aqui uma espécie de reciprocidade: quando cuidamos da criação, constatamos que Deus, através da criação, cuida de nós. Por outro lado, uma visão correta (...) impede de absolutizar a natureza ou de considerá-la mais importante do que a pessoa (...)
...uma concepção do ambiente inspirada no ecocentrismo e no biocentrismo (...) elimina a diferença ontológica e axiológica entre a pessoa humana e os outros seres vivos. Deste modo, chega-se realmente a eliminar a identidade e a função superior do homem, favorecendo uma visão igualitarista, da “dignidade” de todos os seres vivos (...)
...a Igreja convida a colocar a questão de modo equilibrado, no respeito da ‘gramática’ que o Criador inscreveu na sua obra, confiando ao homem o papel de guardião e administrador responsável da criação, papel que certamente não deve abusar, mas de que também não pode abdicar.
Desde o início dos tempos o homem lutou pela vida e, desenvolvendo técnicas e superando o medo, alcançou o topo da cadeia alimentar. É o único ser vivo dotado de razão, faculdade de entender, raciocinar, sopesar e julgar. É capaz de se comunicar com habilidade e de reconhecer e interagir com os valores estabelecidos na sociedade da qual é parte. Ele escreveu a história, é o responsável pela construção da civilização. Há inclusive previsão na Bíblia sobre o domínio, a superioridade e a responsabilidade sobre os animais, como evidenciado no episódio de Noé. Então, por que falar em igualdade em relação aos demais seres vivos? A quem interessa isso?
Finalmente, ao se manifestar sobre a Carta da Terra, documento através do qual o poder global pretende transformar humanos em escravos da ecologia, SANAHUJA coincidentemente (ou revelando uma profecia) afirmou que, segundo os responsáveis pelo projeto de reengenharia social da Nova Ordem Mundial: “Um orangotango, um homem e uma espécie vegetal valem o mesmo30.

2.5. “Ser humano vs. ser humano” na atualidade: dá para levar ao pet shop?
Para demonstrar o nível de cinismo com que se trata a condição humana, em debate na TV, a Srª. Samantha Buglione, coordenadora do Cladem (Comitê Latino-Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher) no Brasil, entre outras sandices, disse a seguinte pérola 31:
Vamos trabalhar com a hipótese de nós criarmos um consenso de levar a proteção da vida à esfera mais radical. A vida é um consenso para nós como um bem inviolável (...). Se a vida é um bem inviolável, isso exige uma coerência de comportamento. A pergunta é: a vida vai ser um bem inviolável somente pra nossa espécie humana? Se a vida for um bem inviolável somente para nossa espécie humana, nós vamos estar incorrendo num comportamento extremamente preconceituoso e discriminatório. A gente vai estar dizendo que só vale pra nós. Então, ela não vai ser um bem inviolável. O que eu quero dizer com isso é provocar a todos pra pensar o seguinte: nós violamos a vida todos os dias. Nós violamos a vida quando a gente tem práticas em relação ao meio ambiente – de destruição, de poluição, de desrespeito. Nós violamos a vida quando a gente faz o churrasquinho no final de semana, nós violamos a vida quando a gente faz o franguinho no final de semana, quando a gente parte da concepção que o mundo está aí a nos servir. Certo? Sim, nós violamos a vida quando nós matamos um outro ser que vive para comê-lo. (grifei)
Não bastasse afirmar que matar animais para comer é atentar contra a vida e chamar quem trata isso como uma coisa normal é discriminador e preconceituoso, ela infelizmente não parou por aí. Disse que as outras espécies não nos elegeram superiores, nós é que nos sobrepusemos a elas e as matamos. Questionada sobre se as outras espécies poderiam questionar o porquê de dizermos que somos superiores, ela afirmou que é possível e que a culpa é nossa de não reunirmos capacidade de ouvi-las. Segundo ela, os animais possuem racionalidade e, utilizando a Falácia 32 da Autoridade 33 ao se escorar em Rousseau, afirmou que uma vaca só não possui a “condição de perfectibilidade”, que é a possibilidade de se aperfeiçoar, característica imanente ao ser humano que seria o único critério que nos diferencia dos outros animais. Que bom!
Não é necessário dizer que a Sra. BUGLIONE ainda recorreu à Falácia de Red Herring 34 com o objetivo de justificar o aborto. É uma tática dos defensores da morte de vidas “inviáveis” através do aborto e da eutanásia, que mostram seu asco pelo ser humano ao passo que fazem juras de amor aos animais. Vidas inviáveis, aqui, não só nas questões genéticas ou de saúde da gestante e do feto, ou segundo a orientação político-filosófica-religiosa de quem abomina a maternidade, mas também no caso de doentes e idosos, quando o claro objetivo é não inviabilizar a economia estatal através de gastos com saúde e com benefícios previdenciários. Isso mesmo, recomenda-se e defende-se a morte de pessoas para economizar dinheiro.
Vejamos DALRYMPLE denunciando Peter Singer, defensor da zoofilia citado no tópico 2.3 35:
Também não surpreende de todo que o professor Singer, que faz da benevolência universal a pedra angular de sua filosofia, termine defendendo, em bases éticas, o assassinato de números exorbitantes de seres humanos por serem infelizes demais ou cuja manutenção seja cara demais (é notório que sua prática venha sendo diferente). Um homem que fica famoso por defender direitos dos animais termina propondo políticas que, na Alemanha nazista, foram testes prévios para o Holocausto.
Adentrando a seara do Direito, cabe aqui lembrar a lição de BODIN DE MORAES 36:
Para que se extraiam as consequências jurídicas pertinentes, cumpre retornar por um instante aos postulados filosóficos que, a partir da construção kantiana, nortearam o conceito de dignidade como valor intrínseco às pessoas humanas. Considera-se, com efeito, que, se a humanidade das pessoas reside no fato de serem elas racionais, dotadas de livre arbítrio e de capacidade para interagir com os outros e com a natureza – sujeitos, por isso, do discurso e da ação –, será “desumano”, isto é, contrário à dignidade humana, tudo aquilo que puder reduzir a pessoa (o sujeito de direitos) à condição de objeto.
Como se vê, a dignidade humana é valor intrínseco ao ser humano, o “badalado” homo sapiens que expressa o raciocínio – ainda que (alguns) de forma rudimentar – e possui livre arbítrio, e é desumana toda a ação ou omissão que reduza sua capacidade de sujeito de direitos e o conduza à condição de objeto ou que o iguale em direitos a um animal ou, quiçá, a um aspargo.
Feitas essas considerações e avançando na questão do ser humano no trato com o ser humano na atualidade, vejamos alguns fatos que não mereceram tanto destaque da imprensa nacional e mundial, mas dão bem a ideia de a quantas anda a consideração pelo próximo:
(a) Em maio/2014, a dona de casa Fabiane Maria de Jesus veio a falecer dois dias depois de ter sido espancada por moradores do bairro Morrinhos, comunidade carente do Guarujá-São Paulo, em decorrência da divulgação de boatos pela página Guarujá Alerta nas redes sociais, que a acusavam de raptar crianças para sacrificá-las durante rituais de magia negra 37;
(b) Em dezembro/2014 um jovem inocente, chefe de família foi baleado e morto em uma quadra de esportes, em razão de uma rixa entre gangues no Rio Grande do Sul 38;
(c) Na Zona Oeste do Rio de Janeiro, em abril/2015, uma adolescente veio a falecer depois de brutalmente espancada por uma mulher com ciúmes do ex-namorado 39;
(d) Em 27/maio/2015, quatro moças “foram amarradas, agredidas, violentadas sexualmente e arremessadas do alto de um penhasco na cidade de Castelo do Piauí” por quatro adolescentes e um adulto. Uma delas morreu 40. Esse caso até teve repercussão nacional, só que foi noticiada ainda mais a morte de um dos estupradores adolescentes, provocada por seus parceiros de crime na unidade em que estavam recolhidos;
(e) Na Zona Leste de Manaus, em junho/2015, uma jovem senhora morreu baleada em uma avenida quando ia à Igreja com sua família. Dois criminosos acabavam de cometer um roubo quando um deles entrou na frente do carro de seu marido, que freou para evitar o atropelamento. O marginal que vinha atrás atirou em direção ao carro e atingiu a vítima no tórax 41;
(f) Em 14/julho/2015, uma menina de cinco anos morreu baleada na zona rural de Andradas, Minas Gerais, ao tentar salvar a vida de sua mãe e de sua irmã recém-nascida, que estariam na mira de criminosos. Mesmo assim eles dispararam 42;
(g) Em São Luís do Maranhão, uma menina de três anos de idade foi morta a tiros dentro de casa por traficantes de drogas que buscavam acertar contas com seu pai. Na mesma época, também em São Luís, um pai degolou a filha de oito meses porque o choro da criança o incomodava 43;
(h) No Rio Grande do Sul, em agosto/2015, um jovem de dezessete anos foi espancado até a morte por catorze pessoas ao sair de uma festa promovida para arrecadar dinheiro para a formatura de sua turma. Seu pai constatou que alguns dos jovens que o mataram frequentavam sua casa. No interrogatório, nenhum deles apresentou arrependimento e, pior, áudios vazados do WhatsApp mostram os infratores se vangloriando da forma com que agrediram covardemente o rapaz 44.
Quase todos esses casos, quando muito, geraram mobilizações ligeiras e manchetes locais, sem exaltações ou passeatas de indignação pelo desprezo no trato com humanos.
No Brasil há cerca de sessenta mil mortes por ano em decorrência de homicídio, e veja que ainda vige o cruel Estatuto do Desarmamento que não desarma bandidos nem seguranças de políticos, artistas e autoridades que andam escoltados enquanto defendem essa lei fajuta.
Líderes de coletivos afrouxam se as questões não estão ligadas às minorias eleitas; e à imprensa não interessa divulgar nada que não gire em torno de temas envolvendo a necessidade de agigantamento contínuo do Estado, a “paz”, as cotas e o empoderamento das minorias, o meio ambiente e o desarmamento, para garantir ao Estado e aos criminosos o monopólio das armas. Está a serviço da elite política, econômica e financeira. Preocupação com o ser humano, não!

2.6. Sentimentalismo tóxico: Dalrymple visto “muito ‘en passant’”
Voltando a tratar da questão da espiral do silêncio, e evidenciando minha indisposição com certa militância carnívora, um dado interessante apontado por DALRYMPLE que pode ser linkado ao politicamente correto que impregna o tema da proteção aos animais é a exigência de o sentimentalismo ser demonstrado de forma exacerbada e em público. Como isso garante que a coletividade lance um olhar afetuoso para o sofredor, as pessoas são forçosamente arrastadas a um círculo emocional para não serem consideradas insensíveis por não expressarem pública e efusivamente seus sentimentos 45:
Nesse mundo, aquilo que é feito ou que acontece em privado não é feito ou não aconteceu absolutamente...
A expressão pública do sentimentalismo tem consequências importantes. Em primeiro lugar, ela demanda uma resposta daqueles que a testemunham. Essa resposta deve, de maneira geral, ser simpática e afirmativa, a menos que a testemunha esteja preparada para correr o risco de um confronto com a pessoa sentimental e ser acusada de dureza de coração ou de pura e simples crueldade. Há, portanto, algo coercitivo ou intimidador em exibições públicas de sentimentalismo. Tome parte ou, no mínimo, evite criticar.
Uma pressão inflacionária também age sobre essas exibições. Não há muito sentido em fazer algo em público se, de fato, ninguém repara. Isso significa que exibições emotivas cada vez mais extravagantes se tornam necessárias (...).
Em segundo lugar, exibições de sentimentalismo público não coagem apenas os transeuntes ocasionais, como que os sugando para um fétido pântano emocional, mas quando são suficientemente fortes ou disseminadas, começam a afetar as políticas públicas. (...)
... quando o sentimentalismo se torna um fenômeno público de massa, ele se torna manipulador de um jeito agressivo; exige que todos tomem parte. Um homem que se recuse, afirmando não acreditar que o pretenso objeto de sentimento seja digno de exibição demonstrativa, coloca-se fora do âmbito dos virtuosos e torna-se praticamente um inimigo do povo. Sua culpa é política, uma recusa em reconhecer a verdade do velho adágio vox populi, vox dei (sic) – a voz do povo é a voz de Deus. O sentimentalismo então se torna coercitivo, isto é, manipulador de maneira ameaçadora. (grifei)
Não poupei críticas ao sentimentalismo exacerbado. Refuto veementemente essa imposição de regras de conduta que oprime as pessoas, condenando-as a agir como se tivessem que clamar por atenção e proporcionar espetáculos em nome do politicamente correto, e que, de outro lado, impõe o silêncio a quem discorda, sob pena de sofrer acusações falsas ou sentir o desprezo alheio.

3. O PROCESSO DE IDIOTIZAÇÃO
Não há mais amor no mundo hoje do que havia antes. Isso não se discute, foi demonstrado aqui. É por isso que denuncio esse que é mais um dos inúmeros movimentos propositalmente gestados para causar tumultos na sociedade. Criam-se várias demandas e ideias vão sendo inoculadas aos poucos nas mentes dos “alvos” até que, pimba!, são transformadas em verdade absoluta, um dever de luta, o mote de uma campanha criada e fomentada por mal intencionados para cooptação de pessoas caridosas e dar continuidade ao movimento revolucionário.
A mente revolucionária é insaciável, e essa é a minha grande questão contra os progressistas (que não me canso de chamar “regressistas”) – sua bandeira da eterna “mudança” com ataque às instituições definidas. Para eles, não importa defender agendas completamente antagônicas, mas que a civilização ocidental e seus valores sejam transformados, distorcidos até sua total destruição para estabilização da revolução. Daí vão surgindo aberrações em comportamentos contraditórios como o dos defensores ferrenhos do aborto e da eutanásia que adotam posição fundamentalista na defesa de direitos amplos e irrestritos para os animais.
Teoria que caiu como uma luva para justificar esse desapego às instituições é a da dinamicidade do Direito. Faz sentido um instrumento que viabilize a eterna transformação ou “evolução” (involução) dos valores através da interpretação da lei segundo os humores do operador, que é cumplice dos legisladores e suas leis cada vez mais recheadas de cláusulas gerais e de conceitos abertos para facilitar o vale-tudo. Sobre o tema, destaquei em estudo anterior que 46:
... a legislação vem sistematicamente adotando cláusulas gerais e conceitos indeterminados com o objetivo de dar maior lastro interpretativo ao julgador na análise do caso concreto, o que permite, inclusive, a aplicação de soluções distintas em situações idênticas que porventura lhes são submetidas. Ou seja, permite-se “a constante incorporação e solução de novos problemas, seja pela jurisprudência, seja por uma atividade de complementação legislativa”. (grifos no original)
Veja-se a dinamicidade influenciando no trato dos direitos de não-humanos, algo impensável há pouco tempo. Dizer o quê? Que evoluímos?
Investe-se pesado em estratégias que provocam fissuras na sociedade. Parte-se da fraqueza das pessoas, pois há sempre um insatisfeito, um caridoso, um ingênuo, uma minoria ou alguém que inveja ou se incomoda com o sucesso alheio. Formam-se coletivos (cometivos do dinheiro público) que “precisam ser ouvidos”. Logicamente, os projetos são propostos como instrumentos da “luta por avanços sociais”, planejados por quem possui uma aura de bondade, pois sobre esses “seres iluminados” paira a (FALSA) ideia de que possuem o monopólio das virtudes. Não importa que a verdade os desmascare de forma implacável. Eles sabem que parte da sociedade foi e continua sendo idiotizada e que leva tempo para promover a mudança desse quadro. Nesse ínterim, o processo revolucionário caminhou muito caminho, cooptou mais corações e mentes.
Dos espantalhos criados para viabilizar a derrocada da nossa civilização, a questão dos animais, que já está inserida no contexto maior da proteção à natureza, é apenas mais uma delas. Vejamos um pequeno resumo dessa agenda. Discutiu-se o abate piedoso, sem sofrimento do animal destinado à alimentação. Depois veio a tese de que peidos de reses poluem o meio ambiente 47 e a exigência de sofisticação das técnicas de criação e abate de animais destinados a esse fim, o que inclusive encarece cada vez mais o produto, mas é “pelo bem do animal”. Agora há a demonização da alimentação à base de carne, dando fôlego ao patrulhamento de vegetarianos, veganos e afins, que contam com o auxílio luxuoso de cientistas que catalogaram a carne animal como cancerígena, segundo afiançou recentemente a Organização Mundial da Saúde (OMS) 48.
Também devemos falar da indústria muito lucrativa de animais domésticos que surgiu nos últimos anos – desde procriadores de gatos e cães de boa cepa até “pet shops” e serviços de hotel e táxi para animais; e mais recentemente da guerra declarada contra o consumo de “foie gras”.
Da minha parte, finjo não escutar os golpistas e alucinados que criam e difundem essas sandices. Ora, desde o início dos tempos o homem come carne e uma das benesses da descoberta do fogo foi justamente a possibilidade de fazer a cocção da caça que iria alimentá-lo.
Some-se ainda o politicamente correto, o sentimentalismo para angariar mais simpatia e incitar o desprezo a quem não se envolve nessas atividades. Nunca houve argumentos tão fúteis, nunca duvidaram tanto da inteligência alheia. Mas é sempre assim. No começo, pessoas se reúnem para praticar boas ações, divulgar ideias como cuidado ou preservação de certos animais, p.ex., até evoluir para o patrulhamento dos que discordam de suas idiossincrasias, resultando na exigência de criação de leis e barreiras que suprimam direitos e punam quem pensa e age diferente.
Não posso acreditar que isso seja salutar para a vida em sociedade.

4. Conclusão
Não prego maus tratos aos animais – e acusar-me disso é uma abjeta desonestidade intelectual e moral –, mas deixo claro que não sou um animólatra (?). Eu admiro os dos outros e de longe.
O fato é que parte considerável dos defensores da causa animal não demonstra a mesma compaixão em outras searas. Curiosamente (ou não! Diria Caetano Veloso), essas pessoas utilizam o mesmo apetite em causas que defendem a morte de um ser humano, e isso me incomoda.
Amar os animais é benéfico e apreciável, mas assusta o volume que toma essa superproteção dos animais ao passo que cresce o desprezo e o descaso para com o homem. Isso é humilhante, e causa um sentimento de vergonha alheia, pois a coisificação do ser humano, o tratamento degradante que lhe é dispensado já não comove mais, não assusta, não gera tanta reflexão e revolta, senão nos foros restritos de sempre, cujos participantes por vezes são chamados fundamentalistas por professarem um credo, atacados por pessoas que, na realidade, são fundamentalistas ideológicos. Não pode ser considerada normal a defesa cega de uma pauta que crie várias distrações para incitar a divisão da sociedade ao destilar o ódio entre as pessoas e influenciar o pensamento tóxico.
Também é importante lembrar que o homem chegou ao topo da cadeia alimentar – e através de muita luta – não para ter suas prerrogativas e sua superioridade diminuídas ou postas à disposição por teorias fraudulentas. Mais importante ainda é observar que há um movimento que trabalha no sentido de desviar propositalmente o direcionamento do amor dado pelas pessoas.
De outro lado, é bom reconhecer que os animais sempre foram queridos. Lembro-me de uma enorme quantidade de parentes, vizinhos e conhecidos e seus animais de estimação. Só que, agora, em tempos coletivistas e de comércio maciço de animais, algumas pessoas extrapolam o bom senso para demonstrar esse amor e chegam a sair do eixo. É contra isso que chamo à atenção, em especial a imposição da causa à sociedade através de uma alta dose de sentimentalismo – quem não adere é, com sorte, apenas taxado de insensível ou “burguês”.
Não fico constrangido ao combater quem pretende enrijecer a punição para quem maltrata animais enquanto requer punição mais branda, ou mesmo a isenção de pena, para criminosos que atentam contra seres humanos. Abomino o total desrespeito às vítimas humanas.
Também refuto a sugestão de gastos consideráveis de dinheiro público para cuidar de animais enquanto o atendimento à saúde de humanos é caótico, mas não pior que a educação e a segurança oferecidas pelo Estado. Da mesma forma, eu me oponho à intervenção do Estado para tratar de questões como a ocorrida no caso “foie gras” vs. Município de São Paulo.
Por fim, discordo do fato de que o Poder Judiciário perca seu pouco e dispendioso tempo fazendo malabarismos jurídicos para se ocupar de temas como guarda de animais, regulamentação de animais domésticos em condomínios, liberdade de animais em zoológicos e destruição de patrimônio particular por “causas nobres”, nobres até ultrapassar o portão da propriedade invadida e posar para as últimas fotos a serem postadas no Instagram, no Twitter e no Facebook.
Enquanto se levanta a tese de que devem ser construídos hospitais para animais pelo Poder Público, pessoas morrem sem sequer serem atendidas pelo SUS. Enquanto se luta para castigar quem maltrata os animais com penas rigorosíssimas, defende-se o aborto, a eutanásia e a manutenção da maioridade penal, para livrar jovens criminosos inveterados. Enquanto são gastas verdadeiras fortunas com aquisição de animais domésticos, vacinas, remédios, tosas e mil outros serviços postos à disposição, fecham-se os olhos para pessoas que passam fome ao nosso lado e ainda se dá apoio a um governo que cria barreiras tributárias insanas para que animais destinados à alimentação cheguem a um valor razoável à mesa de miseráveis, pobres e ricos.
Eu apoiaria movimentos que se negassem a receber dinheiro público em troca de vantagens pessoais de seus dirigentes e de apoio a partidos políticos instalados no poder ou da base aliada. Apoiaria movimentos que motivassem as pessoas a acreditarem no próximo, em sua capacidade de amar. Apoiaria movimentos em defesa daquele homem pacífico, trabalhador que não utiliza seus problemas e suas deficiências como escudo para explorar o Estado nem para agredir ninguém alegando que a culpa é do sistema. Apoiaria movimentos preocupados com as necessidades de um ser pensante que sente na pele a miserabilidade de sua vida, que apesar de trabalhar, encontra dificuldades em colocar comida na mesa ou comprar um tênis ou um livro para o filho. Gostaria de ver movimentos que investissem nesse sentido. O bonequinho levantaria para aplaudir de pé. Eu nem quero muito, pois sei que pedir àqueles que possuem animais de raça reconhecidamente agressiva que coloquem correntes e focinheiras no passeio talvez ainda seja um pouco demais.
Para finalizar, a intransigência chegou a um nível tão “mega power master blaster” que duvido que hoje a “enquadrada” e “engajada” banda Titãs tivesse coragem de gravar “bichos escrotos”, música apocalíptica em que se prevê um triste fim para a oncinha pintada, a zebrinha listrada e o coelhinho peludo.
Não é demais lembrar que tudo em excesso não é recomendável.


NOTAS
[1] “O grande segredo para vencer sempre consiste na arte de semear a divisão” (TZU, Sun. A arte da guerra. Porto Alegre: L&PM, 2014, p. 133);
2Art. 121. Matar alguém: Pena – reclusão, de seis a vinte anos. § 1º. Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço”;
3 Marcha da Defesa Animal. Por Pena de 8 e 1 mês a 10 anos para Crimes Cometidos a Animais. Disponível em <http://www.peticao24.com/por_pena_de_8_a_10_anos_para_crimes_cometidos_a_animais>. Acesso em 01/08/2015;

4 Agência de Notícias de Direitos Animais (ANDA). Invadir um domicílio para socorrer animais é legal? Publicado em 19/06/2011. Disponível em <http://www.anda.jor.br/19/06/2011/invadir-um-domicilio-para-socorrer-animais-e-legal>. Acesso em 01/08/2015;

5 Beagle “resgatado” do Instituto Royal passa fome na rua. Veja on line, 21/10/2015. Disponível em <http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/beagle-resgatado-do-instituto-royal-vive-na-rua-e-passa-fome/>. Acesso em 22/10/2015;
6 Gata é espancada até a morte em bairro nobre de Vitória. Folha Vitória, 06/07/2015. Disponível em <http://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/2015/07/homem-espanca-gata-ate-a-morte-em-bairro-nobre-de-vitoria.html>. Acesso em 01/08/2015;
7 Morte de gata em bairro nobre de Vitória mobiliza defensores e donos de animais nas redes sociais. Folha Vitória, 07/07/2015. Disponível em <http://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/2015/07/morte-de-gata-em-bairro-nobre-de-vitoria-mobiliza-defensores-e-donos-de-animais-nas-redes-sociais.html>. Acesso em 01/08/2015;
8 Disponível em <http://www.kickante.com.br/campanhas/santuario-animal>. Acesso em 27/08/2015;
9 O mais irônico da notícia é o trecho em que se afirma “O ‘Porta dos Fundos’ segue investindo pesado em novos projetos”, já que é o povo quem investe através do sistema de tributação (AZZALI, Leonardo. “Porta dos Fundos” é autorizado a captar R$ 7.5 milhões para filme. IG, 03/05/2015. Disponível em <http://rd1.ig.com.br/porta-dos-fundos-e-autorizado-a-captar-r-7-5-milhoes-para-filme/#>. Acesso em 07/10/2015);
10 ActionAid. A história de Paloma. 17/03/2015. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=4sHEJ5c2Mgk>. Acesso em 07/10/2015;

11 Repense. Plan International Brasil apresenta campanha para arrecadar fundos. Notícia de 12/05/2015 Disponível em <http://propmark.com.br/anunciantes/plan-international-brasil-apresenta-campanha-para-arrecadar-fundos>. Acesso em 07/10/2015;

12 As duas campanhas, que retratam crianças famintas, estranhamente são apadrinhadas pelas abortistas Julia Lemmertz e Astrid Fontenelle;
13 Rogério: “Inimigo podia estar do meu lado”. Disponível em <http://bbb.globo.com/BBB5/0,24118,NBO907273-4051,00.html>. Acesso em 01/08/2015;
14 Ativistas são expulsos de festival de carne de cachorro na China. France Press, 22/06/2015. Disponível em <http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/06/ativistas-sao-expulsos-de-festival-de-carne-de-cachorro-na-china.html>. Acesso 01/08/2015;
15 Cidade espanhola dá a gatos e cães direitos de cidadãos “não-humanos”. UOL, 23/07/2015. Disponível em <http://www.olharanimal.org/acoes-publicas/7134-espanha-cidade-declara-animais-como-residentes-nao-humanos>. Acesso em 30/07/2015;
16 Em decisão inédita, orangotango recebe habeas corpus na Argentina. Correio Braziliense, 21/12/2014. Disponível em <http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/mundo/2014/12/21/interna_mundo,463006/em-decisao-inedita-orangotango-recebe-habeas-corpus-na-argentina.shtml>. Acesso em 01/08/2015;
17Em uma sentença inédita a nível mundial, a Sala II da Câmara de Cassação Penal reconheceu direitos básicos a uma orangotango do zoológico portenho ao declará-la como ‘sujeito não humano’. E lhe concedeu um habeas corpus, figura legal utilizada em casos de pessoas privadas ilegitimamente de liberdade” (“Habeas corpus” libera orangotango de Zoológico em Buenos Aires. Clarin, 25/12/2014. Disponível em <http://www.clarin.com/br/Habeas-orangotango-Zoologico-Buenos-Aires_0_1272472911.html>. Acesso em 01/08/2015);
18 “Habeas corpus” libera orangotango de Zoológico em Buenos Aires...;
19 “Habeas corpus” libera orangotango de Zoológico em Buenos Aires...;
20 MELO, João Ozorio de. Justiça dos EUA reconhece status de pessoa a chimpanzés por um dia. Conjur, 25/04/2015. Disponível em <http://www.conjur.com.br/2015-abr-25/justica-eua-reconhece-status-pessoa-chimpanzes-dia>. Acesso em 26/10/2015;
21 Nonato, Roberto. Robert Mugabe reeleito no Zimbabwe: Mais cinco anos de ditadura. CBN, 04/08/2013. Disponível em <http://colunas.cbn.globoradio.globo.com/platb/blogdononato/2013/08/04/robert-mugabe-reeleito-no-zimbabwe-mais-cinco-anos-de-ditadura/>. Acesso em 01/08/2015;
22 Quem matou o leão símbolo do Zimbábue? BBC, 26/07/2015. Disponível em <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150726_leao_cecil_tg>. Acesso em 01/08/2015;
23 Dentista americano é acusado de matar leão mais famoso do Zimbábue. BBC, 28/07/2015. Disponível em <http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150728_cecil_responsavel_leao_zimbabue_tg>. Acesso em 01/08/2015;
24 Cecil, o “majestoso” leão preferido do Zimbábue. Zero Hora, 29/07/2015. Disponível em <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2015/07/cecil-o-majestoso-leao-preferido-do-zimbabue-4813860.html>. Acesso em 08/08/2015;
25 Filósofo ateísta Peter Singer e seu suporte ao sexo com animais. Porto Cristão, 02/06/2013. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=8nffJSS7HUg>. Acesso em 08/01/2015;
27 Após ficar viúva de gato, mulher planeja se casar com cão...;
28 Sanahuja, Juan Claudio. Poder global e religião universal. Campinas: Ecclesiae, 2012, p. 166;
29 SANAHUJA, Juan Claudio. Ob. cit., p. 163;
30 SANAHUJA, Juan Claudio. Ob. cit., p. 60;
31 Trecho a partir de 22m18s (Debate sobre ABORTO na TVCom SC com o padre Hélio Luciano, doutorando em Bioética. Youtube, 08/08/2012. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=al4RE5_I-Jc>. Acesso em 22/11/2015);
32 Falácia é um raciocínio incorreto que exprime certo poder de persuasão que lhe confere aparência de legitimidade. Quando há má fé do interlocutor, como no caso, é chamada de sofisma;
33 A Falácia da Autoridade é aquela em que o narrador apela a alguma autoridade (citando-a) para validar seu argumento absurdo com base apenas na credibilidade da pessoa a quem faz referência e não nos fundamentos do seu próprio discurso;
34 A Falácia de Red Herring (ou Falácia de Deverson) é a introdução de material irrelevante na discussão para desviar o argumento do outro e levar o debate a outra esfera, cuja conclusão é mais fácil de ser combatida;
35 DALRYMPLE, Theodore. Podres de mimados: as consequências do sentimentalismo tóxico. São Paulo: É Realizações, 2015, p. 194;
36 Bodin de MORAES, Maria Celina. O princípio da dignidade humana. In: ______. Princípios do direito civil contemporâneo. Rio de Janeiro: Renovar, 2006, p. 16;
37 Mulher espancada após boatos em rede social morre em Guarujá, SP. G1, 05/05/2014. Disponível em <http://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/05/mulher-espancada-apos-boatos-em-rede-social-morre-em-guaruja-sp.html>. Acesso em 07/08/2015;
38 Cardozo, Eduardo. Rixa entre gangues matou inocente, diz pai de jovem morto em quadra de futebol. Zero Hora, 05/12/2014. Disponível em <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/12/rixa-entre-gangues-matou-inocente-diz-pai-de-jovem-morto-em-quadra-de-futebol-4657383.html>. Acesso em 07/08/2015;
39 ALMEIDA, Hélio. Jovem de 16 anos é espancada por causa de ciúmes e morre na Zona Oeste. O Dia, 25/04/2015. Disponível em <http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2015-04-25/jovem-de-16-anos-e-espancada-por-causa-de-ciumes-e-morre-na-zona-oeste.html>. Acesso em 07/08/2015;
40 DOURADO, Amanda. Única das vítimas de estupro a ter alta chora ao saber da morte da amiga. G1, 08/06/2015. Disponível <http://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/2015/06/unica-das-vitimas-de-estupro-ter-alta-chora-ao-saber-da-morte-da-amiga.html#>. Acesso em 07/08/2015;

41 Gonçalves, Suelen. A caminho de igreja, mulher é morta com tiro na frente da família no AM. G1, 16/06/2015. Disponível em <http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2015/06/caminho-de-igreja-mulher-e-morta-com-tiro-na-frente-da-familia-no-am.html>. Acesso em 07/08/2015;

42 Criança morta a tiros entrou na frente de bebê em Andradas, diz família. G1, 14/07/2015. Disponível em <http://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2015/07/crianca-morta-tiros-entrou-na-frente-de-bebe-em-andradas-diz-familia.html>. Acesso em 07/08/2015;
43 Carlile, Márcia. Criança de três anos é morta a tiros dentro de casa em São Luís. G1, 18/07/2015. Disponível em <http://g1.globo.com/ma/maranhao/noticia/2015/07/crianca-de-quatro-anos-e-morta-tiros-dentro-de-casa-em-sao-luis.html>. Acesso em 07/08/2015;
44 Estudante é espancado até a morte por um grupo de 14 pessoas no Sul. O Dia, 07/08/2015. Disponível em <http://odia.ig.com.br/noticia/brasil/2015-08-07/estudante-e-espancado-ate-a-morte-por-um-grupo-de-14-pessoas-no-sul.html>. Acesso em 07/08/2015;
45 DALRYMPLE, Theodore. Ob. cit., págs. 76 e 82;
46 Peixoto, Fernando César Borges. Comentário sobre o domínio da semântica como instrumento revolucionário. Disponível em <http://fernandopeixoto-es.blogspot.com.br/2015_08_01_archive.html>. Acesso em 27/08/2015;
47 Burgierman, Denis Russo e Nunes, Alceu. Deveríamos parar de comer carne? Superinteressante, ed. 175, Abril/2002. Disponível em <http://super.abril.com.br/ciencia/deveriamos-parar-de-comer-carne>. Acesso em 13/11/2015;


48 Vegetarianos veem luta legitimada após OMS ligar carne a câncer. G1, 27/10/2015. Disponível em <http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/10/vegetarianos-veem-luta-legitimada-apos-oms-ligar-carne-cancer.html>. Acesso em 13/11/2015.


Fernando César Borges Peixoto
Advogado, especialista em Direito Público pela Faculdade de Direito de Vila Velha e em Direito Civil e Processual Civil pela Faculdade Cândido Mendes de Vitória.