sexta-feira, 2 de outubro de 2020

Considerações genéricas sobre os membros da instituição democrática que “rompeu com o povo”

 

A composição do STF vigente ao fim do Governo Temer desassossega qualquer sujeito capaz de entender o cenário político fora do viés esquerdista globalista, pois os atuais juristas da Corte, escorados numa falsa e/ou exagerada percepção das próprias capacidades e limites, não se abstêm de provocar fissuras no poder e na sociedade, e deixam claro que não aceitaram o resultado das urnas na eleição presidencial de 2018 e que farão de tudo para o vencedor não levar.

A coisa não ia muito bem, mas bastou desconfiarem de que alguns ministros estariam sendo investigados por crimes supostamente praticados por eles ou por pessoas próximas 1, que usaram a pressão dos eleitores que pediam ao Presidente da República para dar um basta nos crimes contra a Administração Pública, praticados por agentes públicos e privados, que os juristas adotaram um modelo peculiar de democracia. Daí a afronta à Constituição Federal (socialista) que deveriam guardar.

Forçando uma suposta confusão entre suas personalidades e a instituição à qual deveriam servir, mas que na realidade usam para se "lambuzarem do banquete farto do poder" 2, criam subterfúgios que teoricamente embasariam a perseguição de certa casta de críticos seus. Assim, pregam que antidemocratas “atacam” a instituição ao pedirem o impeachment de seus membros através do slogan “fora STF”, o que não passa do direito de manifestação de brasileiros descontentes que criticam os atos reprováveis que viraram rotina na Corte, praticados por cada um dos membros, juntos ou alternadamente 3. Ninguém quer a destruição de uma Corte essencial à real democracia.

Abusam do poder inerente ao cargo que ocupam, causam instabilidades políticas e jurídicas, e minam as relações institucionais, invadindo a competência do Chefe de Governo; perseguindo apoiadores do Presidente da República e membros de confiança do governo federal; e impedindo o cumprimento de promessas de campanha no campo cultural e da segurança pública. Vale até deixar criminosos agirem com total liberdade de atuação para sabotar a repressão à criminalidade esperada pelos eleitores. E é dessa forma que atuam como os mais reles militantes político-partidários, ora seguindo o fluxo nos governos progressistas que apoiam, ora limitando as ações de um governo legitimamente constituído, por ser opositor da esquerda globalista que tanto admiram.

A ordem é não permitir que Bolsonaro faça um bom governo, e todos os esforços seguem nesse sentido, sejam eles permitidos ou não em nosso ordenamento jurídico. Mas ainda assim falham, o que parece enfurê-los diante da sedimentação do “novo normal” submetido à população: fim dos casos de corrupção; realização de promessas de campanha (desde que o STF e o Congresso permitam, logicamente); finalização de obras iniciadas há décadas, em respeito ao contribuinte; ações efetivas de combate à pobreza (dá-se linha e anzol e se ensina a pescar); e aplicação da real política econômica liberal.

Os viciados no poder não imaginaram que a circulação de ideias e de notícias nas redes sociais, não manipuladas pela grande mídia (a "oficial"), mostraria com tanta evidência a terrível face dos que fingem “lutar por um Brasil melhor e contra as desigualdades”; nem se passou por suas cabeças vazias que isso culminaria na eleição de Bolsonaro. Passado o susto, o Judiciário, o braço do establishment 4 que detém a caneta (a arma poderosa que reprime quem verdadeiramente respeita o ordenamento jurídico), através da sua mais alta Corte, assumiu um protagonismo vexatório, para agir arbitrária e autoritariamente. Com vistas a censurar abertamente os terríveis conservadores, que expuseram as vísceras pútridas da esquerda globalista, e denunciaram com rara desenvoltura e conhecimento seu “modus operandi”, instaurou-se, no Congresso, sob os auspícios do STF, uma CPMI para cassar direitos de criadores e repetidores de memes (insinuações jocosas a respeito de pessoas ou fatos, que viralizam nas redes sociais), e dois inquéritos no STF, um para apurar disseminadores de fake news (que nada mais é do que a verdade que não circula na grande mídia, e que favoreça Bolsonaro) e outro sobre supostas “manifestações antidemocráticas” (por manifestantes pró-Bolsonaro, nas quais se respeita a Polícia e não se depreda o patrimônio público e privado). Essa última excrescência foi apelidada de “inquérito do fim do mundo”.

As ações afrontam a Constituição Federal, e foram despudoradamente criadas para perseguir conservadores apoiadores de Bolsonaro e, ao fim e ao cabo, criar até mesmo um factóide que permita cassar seu cargo da forma que for possível. As violações não vão parar até que consigam conter a continuidade dessa onda de mudanças (que não acontece apenas no Brasil). Assim, os semideuses vão se antecipando na criação de teorias mirabolantes (que só convencem pessoas com algum grau de déficit cognitivo).

Uma delas foi cogitar a punição dos apoiadores do governo que não escondem sua fé, através da criação de um embuste chamado “abuso do poder religioso nas eleições”. (Logicamente, é proibido falar do “abuso do poder identitário”, meio de manipulação que os progressistas usam para fragmentar a sociedade, mas que é aceitável por ser ferramenta dos adeptos do espectro político autorizado.)

Há também a fala débil do ministro que disse que os votos da maioria não podem criar uma ditadura sobre as minorias, e o Judiciário intervir através da “competência contra-majoritária” 5. No Brasil, porém, há na realidade uma ditadura da minoria, o establishment, que oprime a maioria conservadora do Brasil, e impede que o plano de campanha vencedor nas urnas seja implementado. E é essa ditadura da minoria que usa redatores da sociedade (veja o grau de autoritarismo dessa fala) 6 para reescrever o conceito de democracia, ajustando-o a suas conveniências e a seus intestinos.

Outra excrescência é a alegação de que a população brasileira é incapaz de participar das decisões que irão definir os rumos da nação, por não saber votar. É assim que vão forjando um fundamento que justifique a interferência na política, nos outros Poderes, e quiçá altere a forma de fazer a eleição no futuro, criando uma espécie de voto qualificado, tudo para dar continuidade à alteração de nossa matriz civilizacional por outra “mais apropriada”. Afinal, são eles porta-vozes da ciência.

Contudo, é risível que esses alienados se autodenominem iluministas ao mesmo tempo em que frequentam feiticeiros, curandeiros e pajés (7-8), e reverberarem a voz de um adivinho doutorado em qualquer coisa, como Átila Iamarino, que tirou números de sua cabeça de jerico para causar pânico generalizado numa população histérica, no período trevoso da hoje apelidada fraudemia. Além disso, a maioria desses iluministas foi nomeada por Lula da Silva e Dilma Roussef, dois semoventes cujos quocientes de inteligência parecem transitar entre os valores que estabelecem os graus da tríade oligofrênica (debilidade, imbecilidade e idiotia). Que força da natureza teria tornado tais estereótipos do brasileiro (que não passariam pelo crivo estabelecido pelos célebres juristas) momentaneamente capazes de realizarem escolhas desse jaez, nomeando suas excelências para o STF?

Ora, ao aceitarem os cargos oferecidos por Lula e Dilma, essas sumidades, com mentalidades temperadas com “pitadas de psicopatia” 9, apenas provaram que a ignorância das pessoas lhes soa irrelevante, importando apenas o lado em que elas estão. Assim, louváveis serão os atos de incapazes adeptos da ideologia progressista.

Esse iluminismo caboclo autoatribuído não se resume à crítica de alguns juristas à incapacidade intelectual do povão; há a clara intenção de empurrar os conservadores, que ainda são maioria na população, de volta à espiral do silêncio (e sem descartar o uso de ações violentas). Por essa razão se gabam dos títulos acadêmicos que possuem e cobram dos outros uma equivalência, como se um pedaço de papel tivesse a capacidade de tornar alguém um sábio (pior ainda no Brasil, que frequenta posições vexatórias nos índices mundiais que medem a qualidade do ensino); chamam quem não é da patota de cristãos radicais, ultradireitistas, fascistas, autoritários, ditadores, retrógrados, pensadores das trevas, terraplanistas... A qualificação de quem não come no mesmo cocho é sempre colocada no superlativo. (Esse povo cansa, viu?)

Mas há algo que nem sequer de longe lhes ocorre. A corrupção da inteligência promovida para colocar abaixo a Civilização Ocidental foi tão profunda que eles não perceberam que são igualmente vítimas, e sequer sabem que a simples obediência à organização mundial (como internacional socialista e internacional globalista) e a repetição de teorias dos grandes pensadores revisores da teoria marxistas no campo das Humanas não confere sabedoria a ninguém, nem notável saber jurídico.

Ora, malícia e capacidade intelectual não se confundem. Por outro lado, a repetição de ideias alheias para sedimentar um pensamento único os enquadra como pessoas que sofreram a chamada “colonização do pensamento” ensinada por Paulo Freire, já que mostram que foram adestrados por um mestre a repetirem como papagaios, ou micos, um conhecimento anterior sem permitir a troca de experiência com os alunos.

Não está fácil para o brasileiro se livrar da influência incisiva e tão funesta dessa classe de entojados, repetidores de teorias alheias e mal intencionadas, que se acham o suprassumo da inteligência, sem perceber a aridez e a fragilidade do que falam, escrevem e pensam. Os anos que estarão à frente do poder, transformando as normas a seu bel prazer, ate a aposentadoria, e o conhecimento de que não serão punidos por seus atos (alguns criminosos, inclusive), deveria nos deixar sem esperanças, mas o brasileiro é conservador e a esperança é uma de suas armas.

Estejamos alertas, prontos e capacitados.


1 Ministros do STF queriam saber se eram alvo da Lava Jato. Os Pingos nos Is: 18/09/2020. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=_pZPiJ_EoUY&fbclid=IwAR3DcYac97ilz--xmmlYesm5Pxl0kP6zab937xbPfv-AOmyscwaDE6prA5Q;

2 Frase da então Senadora Heloísa Helena, por Alagoas, ao romper com o Partido dos Trabalhadores ainda no primeiro mandato de Lula da Silva na Presidência da República (Disponível em https://www25.senado.leg.br/web/atividade/pronunciamentos/-/p/texto/354617);

3 Curiosamente, suas excelências não se importam com manifestantes sedizentes democratas da esquerda globalista, como os psolistas, que vão às ruas pedir o “fim da Polícia Militar”, também uma instituição. Estados registram protestos contra bloqueio de verbas na educação. UOL: São Paulo, Brasília, Rio e Curitiba, 30/05/2019. Disponível em https://educacao.uol.com.br/noticias/2019/05/30/protestos-bloqueio-de-verbas-educacao-pelo-pais.htm;

4 O establishment é a elite social, política e econômica de um país, e compreende as esferas pública e privada;

5 Bocchini, Bruno. Alexandre de Moraes diz que papel do STF é evitar ditadura da maioria. Agência Brasil: São Paulo, 12/11/2018. Disponível em https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2018-11/alexandre-de-moraes-diz-que-papel-do-stf-e-evitar-ditadura-da-maioria;

6 Supremo e Judiciário atuam como "editores" do país, diz Dias Toffoli. Conjur, 28/07/2020. Disponível em https://www.conjur.com.br/2020-jul-28/dias-toffoli-stf-nao-abandonar-combate-fake-news;

7 Segundo a Coluna do Estadão, “pelo menos cinco dos onze ministros da Corte [STF] já se consultaram com João de Deus: Toffoli e Mendes, além de Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Rosa Weber”. Ferreira, Lara. STF pode impedir João de Deus de atuar como médium. Metro, 27/12/2018. Disponível em https://www.metro1.com.br/noticias/justica/66329,stf-pode-impedir-joao-de-deus-de-atuar-como-medium;

8 Indígenas fazem pajelança para Alexandre de Moraes em seu gabinete. São Paulo: Folha de São Paulo, 05/10/2017. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/poder/2017/10/1924818-indigenas-fazem-pajelanca-para-moraes-em-seu-escritorio.shtml;

9 Em bate-boca no STF, Barroso chama Gilmar Mendes de “pessoa horrível” com “pitadas de psicopatia”. Portal Terra, 21/03/2018. Disponível em https://www.terra.com.br/noticias/brasil/em-bate-boca-no-stf-barroso-chama-gilmar-mendes-de-pessoa-horrivel-com-pitadas-de-psicopatia,7a348ae0b016cd043a33ed4dcd35ae476gjespqc.html.

 

 

Fernando César Borges Peixoto

Advogado, niteroiense, gosta de escrever e, de certa forma, é um saudosista. 

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

O métier

 

 

No Brasil, o brilhareco dos intelectuais orgânicos da esquerda globalista é reconhecido e retroalimentado numa bolha formada por militantes, sejam político-partidários, sejam autoridades constituídas, acadêmicos, ou gente da grande mídia e do meio cultural. Carreiristas, e de olhos gordos sobre verbas estatais, vivem da troca de favores, de agitação e propaganda, de elogios mútuos, de solicitar e conceder sinecuras, de conquistar vagas no serviço público... E é possível verificar um movimento de facilitação para que os companheiros de viagem, que dividem a mesma visão de mundo, ocupem os espaços para permitir a utilização da máquina estatal com vistas a acelerar a marcha da revolução.

Sua produção intelectual é, em regra, insignificante e de baixa qualidade. Vivem basicamente da repetição de ideias de terceiros mais capacitados ou da adaptação das teses progressistas do momento; e transmitem essas ideias em saraus, debates, colóquios, nas salas de aula (onde possuem audiência cativa: os alunos), na grande mídia (onde falam “especialistas”), em manifestações da classe artística, nos livros que escrevem ou em qualquer lugar em que haja uma plateia adestrada, pronta para consumir seu produto sem fazer questionamentos antagônicos. O objetivo é formar consensos, e por isso essas ideias serão exaustivamente transmitidas por intelectuais orgânicos em seus respectivos campos de atuação.

É interessante observar que toda a produção do pensamento socialista globalista encontra sempre um mecenas, um patrocínio. Já as vozes discordantes que porventura frequentarem quaisquer desses meios serão constrangidas a entrar em espiral do silêncio. E não é só isso. Quem não comunga do pensamento hegemônico é considerado inimigo, um pária a ser calado e que nem mesmo merece viver (dê-lhe uma boa bala e uma boa cova 1).

Como podemos ver, não há nada de intelectual, apenas militância. Não há espaço para a verdadeira discussão de ideias; o contraditório não é bem vindo; e a verdade é temida e odiada pela capacidade de destruir o atraso e a mentira inerentes à ideologia que abraçam. WALSH, sobre a Teoria Crítica e o progressismo em geral, ilustra bem isso: “Não pode haver sequer um raio de luz na escuridão, senão as pessoas entreverão a verdade” 2. Não veem o sol, e é possível que muitos nem saibam de sua existência.

Com efeito, é preocupante o fato de que a disseminação dessas “ideias que podem circular” já inicia no ensino médio, mas avança sobre as criancinhas do ensino fundamental. Essa é a razão de já chegarem lobotomizados às faculdades; e é por isso que passou da hora do enfrentamento robusto contra essa militância organizada que ocupa espaços e divide a sociedade em vários grupos identitários que serão conquistados mais facilmente.

A finalidade é apagar quaisquer resquícios da nossa civilização e nos tornar escravos numa sociedade planificada, composta de um núcleo forte administrador que comanda um juntamento de pessoas inertes, manipuláveis, amedrontadas, dependentes do Estado e cada vez mais infantilizadas e ignorantes. São esses engenheiros sociais que querem nos fazer acreditar que lutam para nos entregar um futuro promissor, sem guerras, sem desigualdades. Enquanto isso, o Brasil afunda no atraso, como qualquer outro país que tenha seguido esse ideal marxista.

Basta!

 

Notas

1 Síntese do poema “O interrogatório do homem de bem”, de Bertolt Brecht, recitado pelo Professor Mauro Iasi, que se candidatou à Presidência da República em 2014 (Comunista Mauro Iasi incita o assassinato de todos os conservadores. Terça Livre TV, 18/10/2015. Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=1Ls6edhtDDI>);

2 walsh, Michael. Escola de Frankfurt: o palácio de prazer do demônio – o culto da Teoria Crítica e a subversão do Ocidente. Campinas: Vide Editorial, 2020, p. 144.

 

Fernando César Borges Peixoto

Advogado, niteroiense, gosta de escrever e, de certa forma, é um saudosista.

 

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Desarticulados

 

Jair Messias Bolsonaro foi eleito Presidente da República Federativa do Brasil, em 2018, com 57 milhões de votos de brasileiros que optaram por jogar na lata do lixo todo o modo de fazer política então vigente. Eles queriam romper com as ideias e ações de um establishment corrupto, elitista, alheio às suas pretensões, que sempre agiu em defesa dos interesses próprios e com ganas de extirpar da sociedade todos os resquícios da nossa matriz civilizacional.

É flagrante o temor da revelação (felizmente, já constatada por muitos) de que o país não se desenvolve porque os donos do poder não permitem, para preservar e aumentar seus privilégios; e que a pobreza e a dependência do Estado são mantidas porque geram votos e sustentam a submissão da população. Teme-se, inclusive, a promoção da verdadeira revolução do Estado no trato com a população que o governo do conservador Bolsonaro pode realizar, e é por isso que o establishment, contando com uma imprensa subserviente e militante 1, usa a própria máquina pública contra o Chefe do Executivo para sabotar seus planos e atrapalhar suas ações.

O grito das vítimas do atraso artificialmente provocado por uma casta que se entende superior vem sendo sufocado. A “casta superior” se articulou e vem jogando pesado e de forma desonesta, esperneando, censurando, criando factoides e tribunais de exceção para conter o avanço conservador.

Os eternos vencedores continuam vencendo, pois essa nova (e real) oposição não é estruturada, e por isso não oferece resistência inteligente nem uma alternativa robusta. Segue apenas na garra, defendendo a verdade (o que já é muito), e de forma orgânica; e impressiona pelo volume.

Aos defensores da verdade, movidos pela revolta dos justos, mas ainda desarticulados, cabe perguntar: até quando ficarão dispersos?

 

Nota

1 “Algumas verdades precisam ficar muito claras para o leitor da grande mídia. A primeira delas é que os meios de comunicação modificaram sua função, passando desde sua função ideal informativa para a transformadora da sociedade. A segunda é uma consequência da primeira: o mundo retratado pelos jornais é bastante diferente do mundo existente na mente da maioria da população e mais diferente ainda do mundo real em que todos vivemos. O viés ideológico na mídia é hoje algo fora de dúvida”. (DEROSA, Cristian. Fake news: quando os jornais fingem fazer jornalismo. Florianópolis: Estudos Nacionais, p. 40). Assim, estudantes de jornalismo aprendem na Academia que a profissão os capacita como “agentes da transformação social”, o que os leva a abandonar o compromisso ético de apresentar os fatos da forma mais próxima da verdade para esconder fatos ou criar narrativas adequadas aos seus propósitos.

 

 

Fernando César Borges Peixoto

Advogado, niteroiense, gosta de escrever e, de certa forma, é um saudosista. 

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Dilma soltou um Barroso no STF

  

Em suas declarações, o ministro Luiz Roberto Barroso, do STF, que se autodenomina um iluminista, deixa claro que sua suposta inteligência superior lhe confere prerrogativas para decidir o que é ou não conveniente a nossa sociedade. Dessa forma, destina aos brasileiros iletrados o papel de contribuintes responsáveis, que mantêm os luxos concedidos à elite do serviço público, e avoca para iluminados como ele o dever de tomar as decisões importantes para os rumos do país. E é por isso que não encontra impedimentos à implantação, pela via do Judiciário, da Agenda 2030 que ele já aprovava desde a advocacia, quando atuou pela liberação da maconha e do aborto (eufemismo para assassinato de criança no ventre da mãe). A agenda, em verdade, é uma excrescência cruel, divisionista, elitista e anticivilizatória criada pelos globalistas, outros que se consideram iluminados, mas a nível mundial, mas ao povo não cabe se opor.

Investido com o poder de magistrado da mais alta corte do Judiciário, ele pretende levar adiante seu projeto, tomando decisões que vão impactar o modo de pensar e de agir da sociedade que não lhe outorgou mandato algum, nem clamou pela continuidade das mudanças que vinham sendo empurradas pelos políticos rejeitados nas urnas. Basta algum partido da esquerda judicializar uma pauta da Agenda 2030 que não tenha passado pelo crivo do Congresso Nacional, em franca burla ao Estado democrático de direito, que Barroso abraça a causa.

Com efeito, o ministro já nem esconde seu desprezo por aquela parcela do povão que considera incapaz de eleger um representante ou de gerir sua própria vida; entende que não há motivos para se preocupar, pois o exercício e a manutenção do seu cargo não precisam dos votos das pessoas que a compõe, já que o cargo é vitalício. Por outro lado, reconhece que há uma parcela que é menos povão que a outra, e merece, sim, sua atenção; e é por isso que divide seu precioso tempo com youtubers medíocres com grande projeção na mídia e nas redes sociais, e cujos pensamentos são convergentes com os seus. Ele quer que seu discurso chegue àqueles que de bom grado servem de massa de manobra para dar continuidade à longa marcha da revolução, como a audiência do cosplay de foca ou do adivinho do caos sem orelhas, p.ex., pessoas a quem ofereceu os holofotes e os megafones dos quais o poder dispõe. Aí o ministro é puro amor. Já em relação aos adeptos de correntes de pensamento contrárias, Barroso destina os rigores da lei, a fim de calar suas vozes e fazê-los entrar em espiral do silêncio. Aqui entra em campo o contorcionismo jurídico, como na “expansão do conceito de espaço físico do STF” e no aval para a criação de um tipo penal cuja punição retroage – o execrável delito da “fake news”, que seria um “crime próprio” praticado apenas por conservadores que fazem postagens em redes sociais e apoiam Jair Messias Bolsonaro.

Não parece correto que autoridades das “instituições democráticas que funcionam" atuem deliberadamente contra o povo, dono do poder, se vivemos numa democracia.

Por fim, uma particularidade dessa figura da República que não se envergonha por sua incoerência de nível ginasiano, típica de oligofrênicos ou mentirosos: o ministro, que viveu, estudou e palestrou nos EUA, e atacou o Presidente do Brasil em inglês macarrônico, acusando-o de apoiar a ditadura, não explica o que significa um luminar das ciências se consultar com o curandeiro João de Deus. Seja estultícia ou mentira, isso não combina com o cargo, nem com seu ego de deus do Olimpo das Ciências. É fato.

Mudanças são muito bem vindas, e precisam acontecer...

 

Fernando César Borges Peixoto

Advogado, niteroiense, gosta de escrever e, de certa forma, é um saudosista.

 


terça-feira, 11 de agosto de 2020

As vantagens de ser discreto

 

Estava eu bebericando após o almoço – na verdade, a feijoada da sexta –, jogando partidas de sniper assassin, quando, ativado pelo organismo, pensei em me dirigir ao banheiro. Número 1. Ao levantar os olhos, percebi que um habitué do boteco havia partido naquela direção, e resolvi esperar. Graças ao bom Deus comecei uma nova partida e me saí muito bem, o que levou a outra, e a outra, e a outra...

Quando dei por mim, o sujeito estava enchendo um balde atrás do outro numa bica que ficava a uns 3 metros de onde eu estava. Em seguida, chegou o dono do bar. Um verdadeiro soldado medieval, um Dom Quixote de la Mancha equipado com sua lança... No caso, ele empunhava uma vassoura, além de carregar rodo, sabão em pó e máscara – máscara de coronavírus, aquela que não serve para porra nenhuma. Não, não era um elmo.

Começaram ali os pedidos de desculpas ao proprietário, o que foi suficiente para revelar que a coisa não cheirava bem. Porém, eu precisava (mesmo) me aliviar; e decidi partir em direção à câmara de tortura. Bem lá no fundo, sabia o que enfrentaria, mas era dia de sorte e no meio do caminho o proprietário me interceptou, desviando a rota para o banheiro feminino.

Alívio, esperança... tudo momentâneo. Alguma senhora respeitável havia lambrecado a louça de bosta, "chamou" a descarga, mas largou para trás o produto restante. Triste sina... (Aliás, segundo a mitologia botequinesca, os banheiros femininos são nojentos.)

Juro que tentei ajudar o proprietário, mirando a "ducha" no "cimentado". Queria resolver, dar um fatallity, mas mangueira velha não apaga fogo novo; e algo ficou para trás.

Bom cliente que sou, ao sair daquele sanitário, avisei que ali também jazia material radioativo abandonado por soldada inglória.

O habitué cagão aproveitou para renovar suas (milésimas) humildes desculpas, e foi saindo, sem deixar de dizer que ia a casa tomar banho para já, já voltar. Cheiroso, por óbvio.

O proprietário disse que a louça barreada do banheiro feminino era o céu, pois o masculino estava todo chapiscado, com um cheiro que reproduzia o dos ciclos dos infernos.

Um pouco mais tarde, o moço voltou. Cabelo molhado, banho tomado, perfume, talco, bermuda marrom (?). Dirigindo-se ao proprietário, disse que notou um riso cínico no canto da boca das garçonetes enquanto entrava: “Você falou algo para elas?” - perguntou.

Como não houve resposta, ele rompeu o silêncio para começar a colocar a culpa no "remédio" que estava tomando. Sinceramente, achei-o magro para usar xenical, mas...

Vida que segue. Voltei-me aos meus pensamentos, e agradeci a Deus por ser bom de mira, pois todas as vezes que usei o sanitário do bar para o número 2, larguei as bombas à distância, mas acertei todas no alvo. Por obra do Senhor, outra sorte: a fedentina era contornável.

Fechei a conta, paguei, e lá fui caminhando pela rua, divagando sobre os acontecimentos inusitados daquele dia...

 


Fernando César Borges Peixoto

Advogado, niteroiense, gosta de escrever e, de certa forma, é um saudosista.

domingo, 5 de julho de 2020

Perplexidade



Era o vigésimo sétimo dia de março de 2020 d.C. O tempo, naquela tarde, estava bastante fechado, e garoava. No mundo inteiro, diante da TV ou nas redes sociais, pessoas acompanhavam, apreensivas, os passos claudicantes daquele idoso vestido de branco, numa caminhada que parecia não ter fim.
O mundo estava assombrado pela devastação que uma peste vinda da China causava por todo o globo, em especial na Itália; e a imprensa massacrava o público com notícias apocalípticas. O combate eficaz àquele sofrimento parecia muito distante.
Havia uma tenda instalada no centro da Praça, para onde ele se dirigia; ao fundo, duas peças sacras de inestimável valor eram mostradas aos fiéis de várias nacionalidades.
Aquele senhor, o Papa Francisco, caminhava para dar a Bênção “Urbi et Orbi” extraordinária com indulgência plenária – concedida, por tradição, apenas nas celebrações da Páscoa e do Natal e na eleição de um novo Papa [1].
O ícone de Maria Protetora do Povo Romano (“Maria Salus Populi Romani”) era uma das peças expostas. A reverência prestada tem origem na cura da peste negra [2], na pandemia de 593 d.C., uma das piores manifestações da história. Consta que após o Papa Gregório I determinar que o ícone fosse levado pelas ruas de Roma, a doença sucumbiu [3]. Já em 1873 d.C., o Papa Gregório XVI rezou ao lado da imagem, por ocasião de uma pandemia devastadora de cólera [4].
A outra peça existe por conta de um milagre: o crucifixo do altar principal da Igreja de San Marcello al Corso – em Roma, a míseros quilômetros do Vaticano – foi encontrado intacto, junto a uma pequena lamparina que ardia a seus pés, após um incêndio de grandes proporções arrasar a Igreja, em 1519 d.C. Apenas três anos depois, em 1522 d.C., quando nova pandemia de peste negra mais uma vez dizimou parcela considerável da população, os católicos, com muita fé, carregaram a imagem por dezesseis dias pelas ruas de Roma, e receberam a graça da cura ao final da procissão [5].
Eram tempos duros, mas eram tempos de fé. Ninguém atendeu ao “fique em casa”. Nas ruas, sem máscaras e sem álcool gel, unidos e em procissão, os fiéis, apoiados e irmanados com as autoridades eclesiásticas, pediram a Deus que pusesse fim àquele sofrimento e foram atendidos, porque creram N’Ele. Quando a vida voltou ao normal, não houve fome e desemprego, pessoas não estavam com as mentes adoecidas pelo confinamento, empresas não quebraram...
Voltemos à bênção papal.
Feita a leitura do Evangelho segundo São Marcos 4, 35-41, o Papa iniciou a homilia e citou vários trechos da Bíblia, como Joel 2, 12 (“Retornai a Mim de todo vosso coração”); o Evangelho de São João 17, 21 (“... que todos sejam um”); e a Primeira Epístola de São Pedro 5, 7 (“Tu tens cuidado de nós”), merecendo destaque, todavia, a citação ao Evangelho de São Mateus 14, 27: “não tenhais medo” [6].
Após a breve bênção, houve a adoração ao Santíssimo.
Muitos se sentiram aliviados, mas, por serem demasiadamente humanos, logo em seguida voltaram à rotina do isolamento, do uso da máscara, da não aglomeração, e da conivência com decretos estatais autoritários que permitem a invasão de culto celebrado em família [7] e criam regras que afrontam nossos costumes, estabelecendo limites absurdos para familiares e amigos velarem e enterrarem seus mortos [8]. (Nem vou falar dos relatos sobre falsa comunicação da “causa mortis”.) Porque perderam a fé no divino, continuaram a xingar e a delatar quem não aderiu ao comportamento de manada, à histeria; quem não entrou em pânico; quem não demonstrou fraqueza e nem tentou impor ao outro sua crença no cientificismo e em políticos e burocratas mal intencionados. Queriam a bênção para continuar suas vidas de religiosos “pro forma”, que não acreditam no real poder do Deus que cura, mas acreditam nos “deuses” da ciência que a cada minuto inventam soluções inócuas para combater o vírus e preveem um número futuro aleatório de vítimas [9].
As autoridades eclesiais da Igreja Católica, instituição que é expoente no processo civilizatório do Ocidente e do Brasil – inclusive estimulando o seu descobrimento [10] –, praticamente se calaram, como já vêm se calando há muito, abrindo mão de combater o bom combate em nome de um bem ou de uma paz que nunca virá, incapazes de perceber que Gog e Magog e seus seguidores jamais se sentirão saciados, mas estarão sempre preparados para empreender novos avanços até a total destruição da Igreja de Cristo.
Ah! Se tivéssemos ao menos a fé dos leigos da Idade Média, a fé perdida para o lobby “iluminista”, antropocentrista, com a facilitação dos vários grupos de interesse infiltrados ao longo da história. Já não é possível contar com a mesma fibra, pois a Igreja, conformada, aos poucos foi se adequando ao mundo moderno. Tanto que a maior parte de seus membros hierárquicos prestou apoio ao slogan manipulador do “fique em casa”, ou apenas se calou diante dos fatos e da invasão do Estado no direito ao culto, a qual jamais irá retroceder, mas só avançar [11, 12, 13], até o ponto em que os sacramentos não poderão ser celebrados, o Código Canônico não poderá ser aplicado e o catecismo não poderá ser ensinado por determinação de normas seculares.
Naquele dia, no Vaticano, a belíssima imagem do rosto de Cristo no crucifixo, molhado pela chuva, comoveu a todos. Ele parecia chorar por sua Igreja, que padece pelas sucessivas ações de grupos que querem destruí-la desde dentro, e por seus filhos, vítimas do vírus, da maldade do socialismo, da ganância pelo poder e da ignorância, toda a obra do pai da mentira [14].
A solenidade emocionou; só não emociona, nessa hora tão sensível, a forma covarde, conformada, silenciosa, polida e, por vezes, maliciosa com que o Clero, que já foi honrado por inúmeros santos mártires, vem conduzindo esse tema tão importante à sua própria sobrevivência e à salvação dos que creem.

Notas
[1] Bênção Urbi et Orbi e Indulgência plenária com Papa Francisco. Rede Vida, 27/03/2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=VUIDliD2MVo&t=1030s;
[2] Peste negra: se transmitida por pulgas e ratos infectados, é a peste bubônica; se transmitida pelo contato com humanos, é a peste pneumônica;
[3] Souza, Francisco. Conheça a história do ícone para o qual o Papa rezou pedindo o fim da Pandemia. Comunidade Shalom, 28/03/2020. Disponível em: https://www.comshalom.org/conheca-a-historia-do-icone-para-o-qual-o-papa-rezou-pedindo-o-fim-da-pandemia/;
[4] As duas orações do Papa para invocar o “fim da pandemia”. CNBB – Regional Leste 2, 16/03/2020. Disponível em: https://www.cnbbleste2.org.br/noticia/as-duas-oracoes-do-papa-para-invocar-o-fim-da-pandemia--16032020-102613;
[5] DAUD, Maria Paola. A história do crucifixo milagroso que salvou Roma da peste. Aleteia, 19/03/2020: https://pt.aleteia.org/2020/03/19/a-historia-do-crucifixo-milagroso-que-salvou-roma-da-peste/;
[6] Texto integral da homilia do Papa Francisco neste 27 de março. Vaticano: Vatican News, 27/03/2020 Disponível em: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-03/papa-francisco-homilia-oracao-bencao-urbe-et-orbi-27-marco.html;
[7] COSTA JR., Hélio. Governador de Santa Catarina exige hóstia embalada para comunhão. Santa Catarina: Estudos Nacionais, Disponível em: https://www.estudosnacionais.com/23317/governador-de-santa-catarina-exige-hostia-embalada-para-comunhao/;
[8] BRANDINO, Géssica. Prefeitura de São Paulo restringe horário e público em velório para evitar contágio por coronavírus. São Paulo: Uol, 19/03/2020. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/03/prefeitura-de-sao-paulo-restringe-horario-e-publico-em-velorio-para-evitar-contagio-por-coronavirus.shtml;
[9] Sem isolamento e ações contra a Covid-19, Brasil pode ter até 1 milhão de mortes na pandemia, diz estudo. G1, 27/03/2020. Disponível em https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/03/27/sem-isolamento-e-acoes-contra-a-covid-19-brasil-pode-ter-ate-1-milhao-de-mortes-na-pandemia-diz-estudo.ghtml;
[10] Portugal, um país extremamente católico, ao se lançar ao mar, também buscava cumprir o que nos exorta o Evangelho de São Marcos 16,15: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura”;
[11] Estado de Sergipe. Decreto nº 40.598, de 18 de maio de 2020. Disponível em: https://www.se.gov.br/uploads/download/midia/37/5c2a2962e8b8c9e943342d2836532fe7.pdf;
[12] Estado de Pernambuco. Decreto nº 49.024, de 14 de maio de 2020. Acrescentou o inciso XXXVII ao Anexo I do Decreto nº 49.017/2020, passando a considerar atividade essencial [apenas] a celebração religiosa transmitida por meios de comunicação. Disponível em: https://legis.alepe.pe.gov.br/texto.aspx?tiponorma=6&numero=49024&complemento=0&ano=2020&tipo=&url=;

[13] Nota Oficial dos Bispos de Santa Catarina. CNBB – Regional Sul 4: Florianópolis, 22/04/2020. Disponível em: https://cnbbsul4.org.br/wp-content/uploads/sites/77/2020/04/Deus-nunca-nos-abandona-Nota-Oficial.pdf;

[14] Evangelho de São João 8,44: “Vós tendes como pai o demônio e quereis fazer os desejos de vosso pai. Ele era homicida desde o princípio e não permaneceu na verdade, porque a verdade não está nele. Quando diz a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira”.



Fernando César Borges Peixoto
Advogado, niteroiense, gosta de escrever e, de certa forma, é um saudosista.