sexta-feira, 26 de abril de 2019

A pergunta que não quer LACRAR...



Retirei o like de várias páginas da grande mídia, porque só recebia matérias com fofocas, feiquinius e distorção da verdade sobre Bolsonaro.

Tomei cuidado para separar os temas abaixo, e verificar que os veículos de (s) informação publicaram algo sobre, mas tudo deve ter ido parar num "limbo da redação", porque estão longe da divulgação ostensiva dada aos "problemas" com Carlos Bolsonaro, a propaganda do Banco do Brasil e o combate ao reconhecimento do país como polo de turismo gay:

a) A lei que criou a Empresa Simples de Crédito (SEC), sancionada por Bolsonaro, com o objetivo de tornar mais barato o crédito para os pequenos investidores (https://istoe.com.br/bolsonaro-sanciona-lei-de-criacao-da-empresa-simples-de-credito/);

b) O ato assinado por Bolsonaro para retirar o sigilo de operações de crédito que envolve recursos públicos (https://oglobo.globo.com/economia/bolsonaro-assina-ato-que-retira-sigilo-de-operacoes-de-credito-envolvendo-recursos-publicos-23623140);

c) A economia de mais de R$ 1 trilhão em 10 anos, com a proposta de reforma da previdência do governo Bolsonaro (https://www.infomoney.com.br/mercados/politica/noticia/7937428/proposta-de-reforma-da-previdencia-preve-economia-de-r-116-trilhao-em-10-anos);

d) A previsão de geração de 4,3 milhões de empregos até 2022, com a proposta de reforma da previdência do governo Bolsonaro (https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/economia/2019/04/26/internas_economia,751710/reforma-pode-gerar-4-3-milhoes-de-empregos-ate-2022-diz-bolsonaro.shtml);

e) A criação do novo Cadastro Nacional de Pescadores, com vistas a identificar e extinguir fraudes praticadas no recebimento do seguro-defeso (https://noticias.r7.com/brasil/bolsonaro-anuncia-novo-cadastro-do-seguro-defeso-contra-fraude-18042019);


g) A Operação #PC27, deflagrada pelo Conselho Nacional de Chefes de Polícia Civil (CONCPC), que efetuou 3.381 prisões de foragidos da Justiça em todo o país, que praticaram crimes considerados graves, como homicídio, estupro de vulnerável, roubo majorado, receptação e tráfico de drogas, entre outros (https://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2019/04/24/policia-civil-deflagra-operacao-nacional-para-cumprir-mandados-de-prisao.ghtml).


O mesmo vale para o Morning Show... E no caso do programa da rádio Jovem Pan, como foi questionado acima, a pergunta que não quer lacrar é: os temas não foram abordados no programa por que...

1) Não dá para lacrar em cima?

2) Impede o lançamento de dejetos pela militância anti-Bolsonaro?

3) 80% dos participantes do programa não possuem capacidade intelectual para participarem de debate sobre os temas?

Segue o jogo, Presidente.


Fernando César Borges Peixoto
Advogado, niteroiense, conservador, gosta de escrever e, de certa forma, é um saudosista.

quarta-feira, 17 de abril de 2019

O garçom do atendimento personalíssimo



Enquanto vários clientes chegavam à Praça de Alimentação, Eurípedes, se não mirava o olhar no infinito ou fingia ajeitar a meia do pé esquerdo, voltava ao balcão para perguntar algo nonsense à mocinha do caixa. Às vezes apontava clientes de longe aos colegas, e quando estavam próximos, chegava mesmo a se esquivar para não esbarrar-lhes o corpo e evitar fadiga. Para ser atendido por ele, era necessária muita sorte.
Dali a 4 meses estaria aposentado – 129 dias, para ser mais exato –, e negava o esforço para encher os bolsos do patrão. Não precisava mais daquilo, pensava. Como recebia um fixo, podia dispensar a gorjeta, ainda mais que a mulher estava bem colocada como merendeira numa escola estadual, e aos fins de semana fazia salgados, doces e bolos para festas, pelo Dhelmyra Mini-Buffet.
Há 3 anos no Galeto Arisco, sempre desviou chopes e petiscos para conhecidos que se aventuravam pelos lados do Centro Comercial em que dava expediente. Mas, em determinado momento, deu zebra, pois o patrão empregou um paraíba neurótico para fiscalizar e anotar os produtos que saíam da cozinha. No primeiro mês, não estava esperto e tomou uns 500 contos de prejuízo. Um absurdo! Eurípedes berrou. Berrou muito... E foi por isso que, no dia em que a galera da sinuca chegou em peso, pedindo chopes a “2 por 1” de forma desinibida, ele quase teve uma convulsão. Disse que havia sujado, e pediu para falarem baixo, pois poderia pegar uma justa causa já próximo à aposentadoria.
Em especial no ambiente de trabalho, era um resmungão mal-agradecido. Aprendera com um primo, dirigente de sindicato, que patrão é tudo ladrão e explorador, e que é dever do empregado “entrar na Justiça” toda vez que sair de uma empresa. O conselho, ele sempre seguira à risca.
Era contra dividir a gorjeta com a cambada da cozinha que votava em políticos “nazistas dos infernos”, saudosistas da ditadura fascista, que iriam entregar o país aos Estados Unidos e trazer de volta a pobreza extinta por Lula. Sentia mal-estar ao pensar que não faria o primeiro voo de avião enquanto um vendido aos ianques estivesse no poder. E quando indagado o porquê de ainda não ter feito, respondia que demorava muito recuperar a economia para todos.
O patrão, que ele tanto odiava, também votava na direita; e sempre o recriminava pelos processos de reparação por danos morais que Eurípedes moveu contra dois (ex) antigos clientes do restaurante, acusando-os de racismo. Não o mandava embora por sentir um grande carinho pelo funcionário, que não sabia explicar.
Mas, na vida, nem tudo é flores, e esse cônscio senhor de seus direitos, não podia ver uma nota de 1 galo (ou uma onça) bobeando no caixa, que dava logo um perdido; sem contar as mercadorias que frequentemente desviava, numa operação casada com um vizinho que trabalhava perto do restaurante, e vinha de moto para pegar o produto do furto, devidamente acondicionado, e deixado num saco de lixo próximo à lixeira, para divisão posterior.
Certa vez, questionado por sua mulher, sobre não sentir vergonha de fazer isso, e por não se colocar no lugar dela, que era uma microempresária, respondeu o que aprendera com o primo: “estou agindo segundo a moral revolucionária, contra a moral burguesa. Se você é patroa, ponha as barbas de molho e não chore a expropriação”.
Infelizmente, esse é o retrato da inveja e do desprezo pelo empreendedor, que estão arraigados no sentimento do brasileiro.
Apesar do mau humor, os colegas de trabalho, muitas vezes vítimas de desconfiança injusta pelo sumiço de peças de queijo ou de salaminho que ele dava cabo, juntavam grana para a festa de despedida do Euri, como era carinhosamente chamado.
Um dia, porém, a filha do patrão, que depois de sair da faculdade se juntava à mãe para pegar no pesado, na cozinha do restaurante do pai, viu Eurípedes enfiar várias porções de franguinho, recém-preparadas pelos ajudantes de cozinha, num saco de lixo, e o seguiu até vê-lo colocar ao lado da lixeira, acenando para um motoqueiro que se aproximava. Com o coração na mão, por causa da aposentadoria iminente, o patrão se viu forçado a demiti-lo por justa causa.
A situação foi devidamente revertida na Justiça Laboral. O juiz reconheceu que o coitado teria até cometido falhas, mas apontou que o patrão não poderia despedi-lo naquele período da pré-aposentadoria, nem tê-lo constrangido no ambiente de trabalho.
Um dos fundamentos da decisão, uma pérola jurídica, foi a analogia à “Teoria da Lógica do Assalto”, da pensadora Márcia Tiburi. Eurípedes foi dispensado pelo patrão, que continuou pagando seu salário, mas para não ficar mal com a patroa, foi matar o tempo trabalhando em seu Mini-Buffet. A esposa precisou regularizar a empresa para contratá-lo – exigência dele –, porque até ali atuava na informalidade. Logicamente, isso a levou à falência pouco tempo depois, mas não foi sequer objeto de discussão.
O proprietário fechou o Galeto Arisco, e foi viver com a família nos Estados Unidos, aproveitando seu passaporte italiano.
Os antigos colegas de trabalho engrossaram a lista dos desempregados, e um deles chegou a ouvir de Euri que “isso é efeito do sistema porco do capitalismo”.

E ele ainda considerava que a justiça, enfim, havia sido feita em seu caso (!), pois recebeu uma boa verba indenizatória, fixada por Sua Excelência na sentença, a título do "constrangimento" sofrido. A decisão, aliás, sequer foi objeto de recurso, por falta de confiança do requerido nas instituições que, segundo juram, continuam funcionando.


Fernando César Borges Peixoto
Advogado, niteroiense, conservador, gosta de escrever e, de certa forma, é um saudosista.


segunda-feira, 15 de abril de 2019

Gracinha



Gracinha era uma moça legal. Apesar da cabeça semi-descomunal, era das mais bonitas do bairro Areal, e frequentava humanas na Federal.
Andava com o pessoal da bebida, mas não bebia; andava com o pessoal da maconha, mas não fumava (hahaha!). Tudo no finzinho da década de 70, início da de 80, o período chamado de “redemocratização”.
Os anos passaram... Já no quarto casamento: pós-doutorado, livros publicados, monografias e dissertações orientadas, e o cacete... Tudo às mil maravilhas, bem melhor que o futuro que imaginara, há muito, deitada, ob-observando as estrelas, ao lado do primeiro e grande amor da sua vida, em Lumiar.
Até que vieram as trevas: tudo começou com o movimento do impeachment da então presidenta ex-guerrilheira, com mestrado em falsificação de diploma e muitas coisas desconexas a dizer. Era o caos! Era o gópi!
Em pouco tempo, o revide: vingava a narrativa que acusava (para quê fundamento?) a elite branca opressora de zóio-azul, de querer tirar a esperança do oprimido preto-pobre-mulher-trans-criança viada, então protegido da mãe de todos, poste do filho do Brasil, o santo protetor da manguaça. Não importava se se tratava da pessoa com maior dificuldade em articular ideias e frases que tenha chegado ao poder sem o uso da força armada, na história da humanidade. Se os canalhas queriam servir a cabeça dela na bandeja, era necessário mover o mundo (e os fundos).
Tempos depois da derrota para os golpistas, para piorar (e muito!), chegou o período de campanha para as eleições presidenciais; e a vitória do coiso parecia inevitável.
Gracinha, nossa heroína, embora baqueada, não perderia a ternura jamais. Eterna defensora do bom-mocismo, das minorias e da manutenção do Estado-democrático-de-direito-do-bem-estar-social, virou uma guerreira nas vidas real e virtual... Uma leoa, meu chapa!
O Brasil não seria entregue a fascistas que amputariam o sonho dos pobretões, realizado a duras penas graças ao regime democrático lulo-petista, que erradicou a pobreza e permitiu que ex-pobres comprassem-carro-e-viajassem-de-avião-e-colocassem-os-filhos-estudando-com-os-filhos-da-zelite.
Valia tudo para defender esses avanços; promover um UFC Antifas, com direito a dedo no olho, ofensas, cuspidas, defecadas, murros, muros, boas balas e boas covas. Valia escorraçar e humilhar fascistas, capitães-do-mato, pobres e bichas de direita, gente burra que (sabe-se lá por que) apoiava o fim da maravilhosa era da hegemonia da esquerda no poder. Essa gente precisava “estudar” e aprender com os livros autorizados, para não repetir os erros do passado. Iam longe demais.
A campanha de retomada de consciências admitia o ódio do bem, e o imbecil que chamasse o neo-liberal FHC de esquerdista também poderia ser atacado (embora apenas verbalmente, pois tucanos eram parceiros “táticos”).
Nas redes sociais, Gracinha alcançou o posto de superintendente do patrulhamento do amor e da verdade, e denunciava e atacava memes, postagens ou ideias que jamais deveriam ser criados, escritas ou pensadas.
Fascistas! Machistas! (Passistas! ôps!) Não passarão!!! Mas, no fim, passaralho; e os filhotes da ditadura cantaram ¡Ya hemos pasao! Sim, cantou na moleira... da moça que trás um (navio) cruzador sobre o pescoço.
Mas nem tudo estava perdido. Surgia o reforço de sub-celebridades, que montaram barracas para um bate-papo e um café da manhã, na tentativa de inverter votos do povão. Também foram realizados maconhaços, apitaços, bundaços, enfio-o-dedo-no-funringaços, cagadaços, cuspidaços e mormaços. Havia uma longa caminhada até as urnas, e o coiso que se cuidasse...
Ele se cuidou e, putz!, saiu vitorioso.
Era hora da resistência... Ligada por fios desencapados, é verdade. Apesar do cansaço, não esmoreça e “tente outra vez”, dizia Raulzito. Todo dia, toda hora, todos os segundos, dizia outrx. Bastaria o apoio de artistas, da imprensa, de coletivos e de padrinhos políticos. Antes, porém, convinha conferir se havia uma verbinha estatal ou de ONG estrangeira, pois ninguém é de ferro. A militância é Flórida quando teleguiada pela mídia (exercida por escraviários e militantes), pela MPB limpinha, pela sociedade civil organizada e por políticos bacanas, premiados pelo Congresso em foco, e que toda semana pagam de especialistas na emissora de TV que não deveria existir.
Gracinha, qual a sua identidade? Muitas, deveria responder, porque é necessária uma personalidade camaleônica quando se milita em prol de determinado espectro político extremista, para o qual não importam os acontecimentos, mas o lado que praticou ou sofreu a ação. Só a partir daí é que se toma “partido”, o que justifica que alguns tenham licença poética para serem sexistas, machistas e o baguio doido todo, enquanto outros mereçam a morte pelo simples fato de discordarem dos que lutam por um mundo melhor.
E lá veio um novo revés: já no terceiro mês de governo, a artilharia pesada não foi suficiente para descoisar o poder ou tirar o crush-com-cachaça do exílio forçado no quadrado gradeado em Curitiba. Tudo bem, desde que continuasse a narrativa para retirar o poder de quem se fecha ao diálogo: a previdência é linda, a insegurança é linda, as estatais são lindas... Cadê o Cunha e o Aécio? Quem mandou matar a Marielle? (Já descobriram e é melhor deixar quieto? Ok.) Então: Cadê o Queiroz? O coiso é nazista de extrema-direita, aliado aos nazistas de Israel. Hahaha, o prefeito de Nova Iorque (polo turístico do socialista brasileiro) odeia o coiso...
Desgraça pouca é bobagem, e apesar dos bombardeios diários contra o inimigo, chegou a hora de contabilizar as baixas: Tiburi correu para a França, em razão de ameaças sofridas no país – feitas pelo marido, que disse que tudo bem ficar sozinho em Paris, junto a Zébreu e Buraque; e o congressista baiano, auto-proclamado intelectual, arregou, dizendo-se ameaçado de morte pelo Darth Vader. Tudo comprovado e documentado. Inclusive, após a facada que levou no bucho. (Perdão, acho que não foi ele, não.)
Depois de tudo isso, é bom lembrar, que nada mudará tão cedo, porque os derrotados continuam estrebuchando, infiltrando, difamando e conspirando. Tomara que Gracinha acorde logo. Pensar e saber dela era mais interessante na juventude. Hoje ela está chata bagarai.

Fernando César Borges Peixoto
Advogado, niteroiense, conservador, gosta de escrever e, de certa forma, é um saudosista.