Terminado o ajantarado de domingo, era hora da digestão.
— Venha! Vamos à varanda tomar café; temos algo sério a palrear
— disse Arnuvô Antunes.
— A coisa é grave? Fala de semblante sisudo, pai; seu tom insinua
que eu aprontei algo que nem de longe passa por minha cabeça.
Para acalmar a cria, respondeu docemente:
— Nada disso, filho; a questão é bem outra, pois.
Olhava orgulhoso para aquele que, dia desses, precisamente há
dezoito anos, havia nascido - um bebezinho com cara de joelho - para, em seguida, tornar-se um
pinga-fogo. Não imaginou que chegaria tão rapidamente à idade de abandonar as
asas protetoras dos pais para encarar o mundo adulto.
— Sente-se! Vamos encerrar o mistério — disse ao puxar o assento.
Era tempo de conquistar a vaga na faculdade e hora da conversa
aguardada ansiosamente há anos: um bota-fora da juventude de Marx Simplício
Antunes — Simplinho, na intimidade —, no qual seria exposta a melhor forma de o
rapaz evitar as dificuldades que o pai havia enfrentado. Pretendia concatenar
as ideias discutidas nos últimos anos com o filho, sobre política, poder, dinheiro, futuro,
formação acadêmica e profissional.
— Deixe-me recontar minha história com detalhes para uma reflexão
sobre as exigências de uma trajetória vencedora, sem percalços nem sustos.
Corpulento e com cabeça pequena, o que causava incômoda desarmonia,
Arnuvô possuía dedos gordos feito salsichas, barba rala e grisalha, era suarento
e os pés chatos exigiam sapatos especiais. A voz era grave, e falava manso até
nos momentos de tensão. Casou cedo com Cátia Mascarenhas, a Tita, mas, como ambos
priorizaram o sucesso profissional, ele já não era moço quando o filho nasceu. Aposentara-se
como magistrado numa das maiores Cortes de Justiça do país, no Distrito Federal, depois de iniciar a
carreira no Tribunal de Justiça, cuja vaga abiscoitou através do quinto constitucional - introduzido no Governo Provisório de Getúlio Vargas, na Constituição de 1934 -,
pelo prestígio alcançado no posto de Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil,
Seção do Espírito Santo, que comandou por oito anos.
Seu pai, seu Joaquim, um comerciante descendente de portugueses,
alcançou cedo a calvície; possuía traços árabes, rosto largo, bochechas grandes,
e apresentava grandes tufos de pêlos nas narinas e nas orelhas. Era um daqueles
homens que os norte-americanos chamam “self made man”. Na infância, vendeu
cocadas, balas, mariolas e frutas; na juventude, deu expediente numa fábrica de
tecidos até que, após juntar dinheiro com muito sacrifício, iniciou o pequeno armarinho
no Parque Moscoso, Centro da capital. A empresa prosperou e Joaquim casou com Genara,
uma italianona gorducha, fogosa, embora religiosa, que se vestia com recato e
possuía mãos fortes, belas ancas e cabelos e olhos negros como azeviche. Com
ela teve nove filhos, e não se soube de nenhum bastardo.
— Mamãe ajudou no que pôde; poupou cada centavo enquanto dava
conta da educação dos filhos, cultivava uma baita horta e cuidava do galinheiro
e do chiqueiro construídos no quintal da chácara. Os bichos, por sinal, alimentavam
a família e ainda rendiam uns bons cobres, vendidos vivos ou abatidos.
Arnuvô foi o oitavo a nascer; por sorte, no período das vacas
gordas, em que pôde gozar de regalias, pois Joaquim pôs os mais velhos no trabalho
pesado para expandir os negócios, mas apiedou-se dos mais novos e exigiu deles apenas
um curto período de plantão na loja, para tomarem gosto pelo trabalho. A essa
altura, o espaço físico da empresa dobrara e outra loja havia sido inaugurada, funcionando
no térreo de um sobrado da mesma rua, adquirido pelo patriarca, e onde os filhos iam viver amontoados
à medida que casavam. No novo negócio, oferecia serviços de alfaiataria, venda
de calçados e aluguel de roupas finas — esse último não sendo levado adiante,
por ser algo para além do seu tempo. Graças à parcimônia de Joaquim, quando a expansão
das cidades promoveu a fuga dos centros das capitais, e ocorreu a obsolescência
daquela prática comercial, provocando o consequente fechamento das lojas, os
filhos se encontravam bem remediados, embora nenhum deles tenha enriquecido, à
exceção de Arnuvô.
Ademais, o velho tinha por princípio não cobrar nem dever favores,
e por isso jamais lhe passou pela cabeça incomodar clientes e amigos influentes
para solicitar uma sinecura onde encostar os rebentos.
— Sabe, filho — continuou —, fiz minha parte; não queria ser acomodado
como seus tios, que não passaram de comerciantes medianos.
Arnuvô investiu muito na profissão, mas também soube usar, à revelia
do pai, a consideração e o respeito que o velho gozava em meio à nata da sociedade.
Pavimentou a carreira após advogar em regime austero na maior banca capixaba e,
depois de experiente, levou os melhores clientes do antigo patrão e muitos dos
empresários amigos de Joaquim para o escritório que abriu com um influente colega
de faculdade.
— Eu consegui montar a maior banca do estado nos ramos do Direito
Tributário e Comercial; e ganhei muito dinheiro.
E então explicou como alinhavou contatos nos meios jurídico,
político e empresarial. Ele sabia a quem recorrer; e conhecia prepostos que
recebiam dinheiro em nome das autoridades de cada ente público. Praticava
tráfico de influência abertamente, patrocinava festas de servidores públicos,
distribuía brindes no final do ano, ingressos de espetáculos concorridos e até
viagens com hospedagem para locais paradisíacos, mas não tinha poder institucional; e
precisava do poder para a roda girar ao seu derredor, pois os ventos poderiam mudar numa mudança política desastrosa.
Por isso passou a buscá-lo.
Entrou na Maçonaria e mexeu pauzinhos para assumir uma comissão
da Ordem, instituição que usou para patrocinar ações do interesse de determinadas
pessoas e grupos de influência. As coisas aconteceram: ganhou títulos honoríficos
e acadêmicos, além de novos clientes, prestígio e muito mais respeito. Por fim,
deixou de pagar pelos favores recebidos.
Em meio às elucubrações, dona Tita trouxe um bule de café recém
passado, xícaras, açúcar, adoçante e o famoso bolo de Santa Maria, receita de
gerações de sua família. Tinha nove anos a menos que
o marido, seus cabelos eram castanhos, mantidos em volume para esconder as orelhas
de abano; a boca miúda, os olhos ranços, com cílios enormes, e as sobrancelhas
finas. Vaidosa, magrinha e arisca, amava maquiagem e jóias.
O marido regalou-lhe um sorriso manso e continuou com o filho:
— Quando fui empossado como Desembargador, deixei o escritório
nas mãos do Fausto Miranda e mudei de categoria.
Agora as pessoas o procuravam, dispostas a entregar malas de dinheiro
em troca de conselhos, como costumava dizer; e ele, para não sujar as mãos, indicava
o antigo escritório: — A banca certa para patrocinar a causa —, dizia entre
piscadelas aos jurisdicionados aflitos. E a mesada chegava limpinha, gorda; Miranda jamais fora infiel.
Arnuvô se mexeu na confortável cadeira e serviu uma xícara do
café colhido, torrado e moído em sua fazenda.
— Eu empreguei sua mãe e alguns parentes de pessoas influentes em
bons cargos em comissão, que foram mantidos nos sucessivos Governos — ninguém
era demitido, ainda que mudassem gestores e ideologias; e fiz o mesmo em relação
a admissões em cursos de pós-graduação das universidades públicas.
Dessa vez pegou um naco de bolo, enfiou-o todo na boca e, após o
engolir, perguntou ao filho, que estava aparentemente distraído:
— Agora, diga-me, o que você tem em mente?
O rapaz deu uma estremecida, arregalou os olhos e respondeu:
— Eu pretendo me formar em Direito e seguir a sua carreira. Seria
muito justo, certo? O Fausto ofereceu uma vaga de Advogado Sênior e se dispôs a
voltar ao nome inicial: Antunes & Miranda. Eu ainda poderia me dedicar ao
lobby, frequentar mestrado sanduíche na Argentina, doutorado e pós-doutorado em
Coimbra e Salamanca; assinar pareceres, conseguir vaga de professor na Federal
e esperar o tempo passar até tomar posse num Tribunal qualquer pelo quinto.
Esqueci alguma coisa?
Arnuvô intercedeu, descendo repetidamente as mãos espalmadas para
baixo, como a indicar uma frenagem; e, apesar de mostrar inquietação, concordou que
o serviço público no Brasil é promissor, pois o trabalho do intelectual
orgânico é valorizado, mas advertiu que não foram apenas os gordos salários de
magistrado que proporcionaram aquela vida abastada.
— Foi difícil amealhar um vultoso patrimônio; precisei correr
riscos. — falou em tom pesaroso, confessando
que a considerável soma depositada nas contas dele, da mulher e do filho, no
país e no exterior, era fruto de arranjos nada republicanos; e aproveitou para
alertar Simplinho sobre ser essencial que não esbanjasse com deleites juvenis.
— É bom manter as reservas, o futuro a Deus pertence.
— Não sou dado a gastanças, fique em paz! — disse ao orgulhoso
pai.
— Acumule mais e providencie que só exista a mão de entrada, e
nunca a de saída, em seu bolso. — advertiu o velho.
Arnuvô advogava que a solução para uma carreira promissora era a
diversificação, o que lhe faltou por não ter sido bem instruído: angariar prestígio
para estar na grande mídia e nos círculos da intelectualidade oficial. Assim,
poderia alcançar o estrelato, dar entrevistas, palestrar e publicar livros,
inclusive de áreas alheias a sua formação — multidisciplinariedade era a pedra
filosofal —, pois os queridinhos do establishment podem abordar qualquer assunto, sem a menor ideia do que se trata, que ainda assim o público consome.
— E qual seria o caminho? — perguntou.
O filho balbuciou algo, mas Arnuvô, não querendo ser interrompido,
adiantou-se e respondeu a pergunta retórica:
— Você tem que ser um especialista. Especialistas conquistam
respeito fácil e são muito requisitados; estão sempre em evidência, são celebridades
recebem convites para participar de audiências públicas, programas de rádio, TV
e internet. São muito bem pagos para dar pitacos aqui e ali sobre todos os assuntos
e quaisquer acontecimentos.
— Especialista! Nunca havia pensado nisso como profissão.
Um dos três gatos da casa passou ronronando e se arrastando na
perna cabeluda de Arnuvô, que não suportava os felinos, mas admitia-os em casa
em respeito a Tita.
Ele puxou a perna, fez um muxoxo e explicou:
— Requer mais titulação que capacidade. Por esse motivo, é importante
não fazer apenas uma, mas duas faculdades — e simultaneamente —, como Direito e
Ciências Políticas, para poupar tempo.
Disse que uma singularidade desses tempos é que as faculdades não
exigem nada além da presença do aluno; a baixa cultura e o analfabetismo funcional
andavam tão em voga que, para obter sucesso, bastaria ao aluno assumir os
conceitos e as narrativas vigentes, mascarando uma postura crítica, que o diploma
chegaria em mãos. Ademais, em qualquer faculdade de Humanas estudam-se,
basicamente, os mesmos autores, como Karl Marx, Karl Popper, Herbert Marcuse,
Michel Foucault e Zigmunt Bauman. Então, o tempo e o esforço dedicado a uma seria
aproveitado na outra. E, para melhorar, o professor moderno salva qualquer aluno,
inclusive o que se esforça para tirar nota baixa, mandando-o fazer uma tarefa em
casa, trabalho que poderá ser encomendado até mesmo no rapaz que vende salgados
na cantina da faculdade.
— Você não vai precisar dedicar muitas horas ao estudo. Poupe tempo,
capacite-se nas orelhas dos livros de escritores mainstream. Dos clássicos da
literatura universal, colha um ou dois capítulos e leia resenhas disponíveis na
internet.
Pegou mais um pouco do café, que já começava a esfriar, e falou
da importância de perambular com papéis e livros nas mãos, para afetar
erudição.
— A aparência é tudo! — falou firmemente.
E falou também que o filho deveria adotar, ainda durante a formação,
um tom professoral ao se dirigir aos colegas e aos demais interlocutores, pois
isso impressiona e pode render frutos.
Ao tratar de temas que não dominasse, deveria falar de forma
assertiva; e não se sentir constrangido ao se contradizer no curso da exposição
de ideias, pois os ouvintes nunca percebem. E se perceberem, dificilmente terão coragem de o admoestar. Além disso, não seria demasiado apresentar
soluções teóricas para temas sensíveis, sem se preocupar em provar a viabilidade
de sua execução, pois é mais importante ter uma opinião que ter conteúdo; e
opinião sobre tudo...
— Você deve conhecer as notícias dos grandes jornais e os temas
discutidos pelos medalhões. Seus posicionamentos devem se conformar ao discurso
corrente, mas afirme que são pessoais e que algumas figuras conhecidas concordam
com você, embora a abordagem deles seja confusa.
Arnuvô estava empolgado...
— Use a palavra ciência aqui e ali, para dar sustança as suas
teorias. A palavra ciência impressiona, e é repetida por onze em cada dez
idiotas. Qualquer teoria abstrata se torna realidade para um público ignorante
quando, ao final, há a afirmação de que aquilo é ciência.
— É verdade, pai. Qualquer político semiletrado fala em ciência,
inclusive usando o termo fora do contexto.
— Sim... São os que falam
do que não sabem, como eu disse. Outra coisa: nunca deixe de participar de debates
com intelectuais prestigiados pelo grande público; e jamais seja-lhes hostil.
Agora Arnuvô suava, e de tanto que suava, tinha a respiração dificultada;
e a voz saía rouca:
— Frequentando o círculo correto, você será chamado para dar palestras
em empresas e instituições públicas e privadas; viajará por conta dos anfitriões, receberá
gordos cachês; nessas viagens patrocinadas poderá se encontrar no estrangeiro com quem queira lhe pagar propinas; venderá os livros que escrever pela propaganda gratuita dos fóruns em que participa e dos puxa-sacos. E para ter
uma produção bibliográfica volumosa, basta adequar a escrita de obras estrangeiras
ao vernáculo, com uma ou outra citação em língua estrangeira, ou tratar de assuntos
de forma rasa com pompa de alta cultura. Se o tema estiver em voga, escreva um livro de poucas páginas e peça ao editor para fazer parecer mais volumoso. Não se preocupe, serão best sellers.
Dessa vez, o gato caolho, o mais detestado, deu o ar da graça e
levou uma bicuda de Arnuvô. Novo pedaço de bolo enfiado inteiro na boca, seguido
de um glup-glup no café morno. Tornou ao bate-papo:
—Sei que não será difícil para você, sua educação foi planejada
para forjar uma trajetória vencedora. Não atenda às más influências, despreze os
resquícios da ascensão do fascismo e do populismo de extrema-direita que assolaram
o mundo e o país em tempos recentes.
E pela enésima vez falou da odisseia que tinha sido a escolha da
escola em que fariam sua matrícula. Ele e dona Tita olharam com lupa as instituições
burguesas disponíveis e, ao se depararem com as mais conceituadas, concluíram
que a primeira era mais famosa que eficiente; a outra, religiosa (Deus nos
livre!); uma terceira, formava excelentes profissionais de exatas, o que não os
apetecia. Ao final, optaram pela que ele cursou o ensino fundamental e o médio,
a única voltada para moldar líderes.
— Essa percepção é ouro puro, poucos pais se dão conta disso. Eu
e sua mãe fomos muito perspicazes — falou enquanto comemorava com um soco no ar.
Aconselhou Simplinho a, em seu tempo, fazer o mesmo pelos filhos,
os seus netos; e lembrou da importância de tomar as rédeas da educação das
crianças, impedindo que levassem a vida que ele, Simplinho, forçosamente pregaria
da boca para fora, como liberação de drogas, lesbianismo, gayzismo, racismo, ecologismo,
misticismo... Isso era para as famílias alheias; sua preocupação seria garantir
o equilíbrio entre os extremos.
— A sua família, construa e mantenha no formato tradicional. É impossível
manter a harmonia no caos. Perante a sociedade, combata o reacionarismo e o conservadorismo,
pregue o dever de não abrir concessões aos limites castradores impostos por
nossa civilização ocidental. Porém, jamais os renegue em sua vida privada.
Viva-os, filho! Sequer questione.
Na sequência, serviu-se de mais café e quase cuspiu, pois já estava
intragável. Puxou um lenço de linho bordado com suas iniciais e passou no rosto
e na boca; e só agora pôde observar que o vento parara de soprar e o calor tomava
conta do ambiente.
Arnuvô fitou o infinito como a buscar mais argumentos e prosseguiu,
afirmando que o segredo do sucesso era usar a linguagem jovial dos influenciadores
digitais, dos artistas ou de outros profissionais que arregimentavam jovens e
adolescentes.
— Comunique-se como aquele paspalho que imita foca; — falou — seja
o cara legal que os jovens amam e os velhos infantilizados que abundam em nossa
sociedade admiram. São pessoas totalmente desprovidas de conteúdo e facilmente
manipuláveis; telas brancas em que podemos reproduzir aquilo o que quisermos,
tanto no corpo quanto na mente.
Não, cioso leitor, a essa altura não perdemos o exemplar pater
familias para o mundo delirante dos confusos mentais; ele apenas sugeriu de
forma mais incisiva o tipo de comportamento que leva ao sucesso.
Ele voltou à carga afirmando que seria útil fazer e estreitar amizade
com jornalistas e blogueiros para, através deles, ocupar espaços na mídia, replicar
seus artigos e promover seu trabalho.
Também era apropriado apoiar instituições civis voltadas para as
causas progressistas. Mais importante, ainda, seria criar sua própria ONG para
receber dinheiro grosso de milionários e de fundações globalistas. Por fim, e em suma, sua
meta de vida deveria ser alcançar o status de influenciador editor da sociedade;
ser considerado em seu métier — não precisava sê-lo efetivamente — como filósofo,
jurista, humanista, cientista político e escritor. O que é um baita pedigree.
— Você não vai precisar possuir o poder diretamente; com o poder,
o dinheiro chega, chega grosso, mas também chega vigiado pela oposição e por
inimigos. Empenhe-se em influenciar um número considerável de pessoas poderosas, seja generoso com eles e eles abrirão muitas portas.
— e enquanto lamentava que no seu tempo as instituições eram muito imbricadas, arrematou:
— Quer mais poder que isso?
— Pai, será que consigo realizar essa façanha? Nessa minha curta
vida, eu segui seus conselhos preliminares, fiz amizades importantes e frequentei
gente bem nascida, mas, olhando o que foi falado aqui, resta sopesar o quão difícil
é ser especialista.
— Você consegue. Seja modesto ao se aprofundar no campo da intelectualidade,
saber demais encurta os horizontes. Defenda ideias de forma conveniente ao
pensamento dominante, e aperfeiçoe-se no manejo das palavras. Sinalize virtudes
em qualquer tempo e lugar, evite conflitos e comunique-se de forma simples com os
que possuem poder e dinheiro. Por fim, use linguajar difícil para impressionar
tolos e intelectuais. Esse é o caminho. Agora vamos
assistir ao jogo da seleção; e chega de café, — Argh! — precisamos dormir cedo.
Fernando César Borges Peixoto
Advogado, niteroiense, gosta de escrever e,
de certa forma, é um saudosista