Há uma calva alva esperando
para atravessar na faixa
Mas, a guarda, ninguém baixa
Ela se demora, e enquanto o sol brilha
A calva sua e também brilha como sol
Ao refletir seus raios
A calva não se dá por vencida
E estende a mão como manda o figurino
Daí vem o motorista inconsequente
um caminhão e quase a atropela
Babaca!
Se sua mãe o visse — e ouvisse, motorista,
o que pensaria ela?
Xingada sem dó nem piedade,
pelo moço gordo que atravessava do lado oposto
Ah, a calva! A calva alva...
De repente, o motoqueiro, à toda,
despenca da
calçada acelerando
E quase lhe arranca um membro
É como se estivesse num enduro — o
jogo é duro
Igual ao chão beijado após o desvio
tresloucado
E depois de caído, com o corpo
retesado
O capacete retirado; vai ralhar,
sem calma, com a calva:
— O que você faz na rua,
atrapalhando o trânsito?
Eu sou motoqueiro, faço entregas
vapt-vupt
Não tenho tempo para atrasos
E isso isenta minha responsabilidade
A culpa é sua, a culpa é sua,
Da calva que sua; e brilha como o sol.
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