quinta-feira, 13 de agosto de 2015

O ato terrorista em que desapareceram funcionários do Charlie Hebdo...

O ato terrorista em que desapareceram funcionários do Charlie Hebdo: Um ensaio rápido sobre um assunto que já deveria ter se esgotado
(Escrito à época dos acontecimentos narrados no ensaio)

Sobre os terríveis fatos acontecidos na França nesse início de 2015 não é preciso falar nada, pois muitos articulistas, jornalistas, analistas e “etceteristas” já o fizeram exaustivamente.
Contudo, é possível perceber que vários deles, na realidade quase a totalidade, seguiram (e ainda seguem) argumentando:
1.      que o ato é condenável, "MAS" não se deve brincar com o sentimento de religiosidade alheio; e mais "CARADEPAUMENTE" (descaradamente)

2.      que atos de radicais, sejam muçulmanos, JUDEUS ou CRISTÃOS são condenáveis. Alguns ainda se estendem no assunto lembrando a Santa Inquisição e os “ataques” de Israel aos povos árabes, e outros de forma mais abominável lembram que no Brasil um pastor foi perseguido porque chutou a imagem de uma santa na TV. É... E quantos tiros ele e os funcionários que participaram da gravação levaram por isso?

Dá para perceber a maldade e a delinquência de análises nesse sentido?
Salvo engano, os mortos do hebdomadário eram ateus, como enorme parte do povo francês o é desde o Iluminismo; e os agressores eram muçulmanos... O que TU tens a ver com as TALÇAS?
Mais: quantos cristãos ou judeus saem metralhando redações, emissoras de rádio e TV, enfim, qualquer espaço ou funcionários de veículos de comunicação que escrotizam sua e religião e seus símbolos? No caso dos católicos, dos quais sou parte, Nossa Senhora, os santos e os clérigos também são alvo de constantes “gracinhas”.
E olha que ofender a Igreja Católica e o judaísmo é prática usual – DIA E NOITE e NO MUNDO INTEIRO – porque judeus e cristãos são tolerantes. Ou melhor, não são agressivos. Se se manifestam de alguma forma, o fazem dentro dos estritos limites da lei, conforme se espera nas democracias.
Ora, se eu quero morar em Minas Gerais, sei que ir à praia irá requerer um grande esforço e disposição de dinheiro, bem como sei que será se quiser comer peixe de água salgada no Acre.
Da mesma forma, como sou católico, não devo morar no Irã ou na Arábia Saudita, porque não serei “tolerado”. Lá não poderei nem consumir bebidas alcoólicas livre e impunemente.
Então, “queridinhos e queridinhas”, porque raios os ocidentais, DENTRO DE SEUS PAÍSES, devem se adaptar às normas e aos costumes dos muçulmanos, e não o contrário? Sem contar que muitos são imigrantes e optaram por viver em países onde não prevalece a sharia; e cujo povo não deseja se submeter a uma Teocracia. E isso é óbvio.


Eu não sou Charlie, e se fosse, o seria porque repudio o ato bárbaro em questão. Mas, também não sou hipócrita nem mau-caráter a ponto de misturar alhos com bugalhos no que escrevo para atacar, de esguelha, pessoas, movimentos e/ou instituições.



Fernando César Borges Peixoto

Advogado, especialista em Direito Público pela Faculdade de Direito de Vila Velha e em Direito Civil e Processual Civil pela Faculdade Cândido Mendes de Vitória.

Nenhum comentário:

Postar um comentário