Feministas se manifestavam em frente a uma Igreja
Católica com os peitos à mostra e usando bermudas brancas que deixavam à mostra
o sangue menstrual por não usarem absorventes. Uma senhorinha franzina, com um crucifixo enorme no
peito, saiu e perguntou o porquê daquela manifestação, e uma delas respondeu
que era pelo empoderamento da mulher naquela sociedade machista opressora.
A senhora, radiante, disse:
- Que bom que vocês se preocupam com as mulheres. Foi
Deus que mandou vocês aqui.
Então, entre sorrisinhos marotos e caretas
desconfiadas, ela as convidou para ajudarem a levar o lanche da tarde num lar
para senhoras abandonadas. Estava marcado para aquele dia e não havia ajudantes.
Precisava apenas de trabalho físico, pois já havia conseguido todo o material
necessário. É que os antigos ajudantes, pequenos empresários da comunidade
mariana, não dispunham mais de tempo desde que tiveram que assumir o negócio
com toda a família, após serem obrigados a demitir os funcionários em razão da
crise por que passa o país. Ela afirmou que essa seria uma excelente
oportunidade de fazer algo pelas mulheres.
As moças responderam que estariam ocupadas naquela
tarde, pois haviam marcado um encontro com as meninas do coletivo para irem fazer
cocô e xixi na escadaria do prédio de humanas na Universidade Federal que havia
ali perto, onde elas estudavam, em média, há 9 anos.
Já de saída, a líder parou. Olhou para trás e chamou
a senhora de “velha subserviente do Deus imaginário de uma religião machista”, e
disse que ela não ligava para as mulheres discriminadas naquela sociedade
patriarcal.
A senhora, em lágrimas, respondeu com voz
fraquejante:
- Jesus te ama, filha, e eu também.
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