terça-feira, 26 de abril de 2016

Reinaldo azedo e a inveja kimata


Já faz tempo que Reinaldo Azevedo se dedica a atrair mais e mais público para seus escritos e programas. E, para tanto, tem feito o diabo. Da última vez, o analista máster-blaster da política brasileira lançou novas ofensivas em direção a alguém que, como bem sabe, é muito maior que ele. Esqueçam-se os egos elevados, até porque a soberba é desaconselhável aos cristãos.
Num programa com musiquinha “à la Datena”, com olhar compenetrado, num comportamento atípico, destilou mágoas de caboclo, não contra ideias, mas contra a pessoa de Olavo de Carvalho, tentando desqualificá-lo. Afirmou que #OlavoNãoTemRazão por ter feito a leitura equivocada da questão do impeachment – e que não poderia ser diferente, já que não sente o calor das ruas por estar em seu bunker nos EUA.
Mas, não ficou só nisso, e sobrou também para o público que acompanha Olavo, do qual podemos destacar que há um grupo muito qualificado. Ora, como o próprio Reinaldo já falou que “ninguém é trotskista um dia à toa”, é possível considerar que esteja autodenunciando sua inveja, aquela que move a velha e boa esquerda e que também, como todos sabem, é uma merda.
Não concordo com tudo o que diz o “filósofo fumegante” – e isso é natural, pois, apesar do abismo cultural que nos separa, ele é ele, e eu sou eu. Para mim, ele exagera ao exigir o reconhecimento de seus grandes feitos, mas entendo. É questão de sobrevivência nesse mercado selvagem, uma autodefesa. Por muito tempo ele foi um Don Quijote. Defendeu suas ideias e trouxe à luz muitas pessoas, mas, por conta disso, foi perseguido, perdeu empregos e dinheiro (o Rodrigo Constantino tem experimentado isso). Sua persistência deu frutos, mas criou uma carapaça e algumas manias que chocam àqueles mais sensíveis. E além de um grande colaborador “da causa”, é um excelente estrategista e doutrinador, que inclusive qualificou grande parcela de uma nova intelectualidade que surge como contraponto à intelectualidade formada no longo período de hegemonia da esquerda, de qualidade duvidosa.
Na realidade, #ReinaldoNãoTemRazão em achar que os imberbes ativistas do MBL estavam certos ao beijarem os bagos e pedir as bênçãos de FHC e sua trupe quando foram à pé a Brasília para protocolar a petição de impeachment, numa reunião com foto e tudo. Logo à esquerda, que não moveu uma palha “sponte sua” para startar esse verdadeiro processo de redemocratização.
Lembremos que a petição do MBL foi arquivada, enquanto a petição assinada pelas mãos suspeitas da esquerda até então inerte, mais precisamente as do Sr. Hélio Bicudo, fundador do petê, e do Sr. Miguel Reale Jr., ministro da justiça no governo FHC, foi recebida e votada na Câmara dos Deputados.
Essa não teria sido uma leitura política falha dos meninos, Reinaldo? Porque, ao final, quem capitalizou os frutos da abertura do processo de impeachment foi a amigável esquerda (seu amado tucanato incluso), aquela detentora universal das virtudes, da inteligência, das articulações políticas etc.
Surgem notícias de que Cunha empurra Alexandre de Moraes, que é tucano, goela abaixo de Temer na composição do novo (e super) ministério. Ao mesmo tempo, os tucanos recolhem suas asas nas críticas ao lulopetismo (por que têm alguém que o faça por eles, não é mesmo?). No caso dos parietários, o único que joga para assumir um posto de destaque é José Serra, que, não podemos esquecer, foi da “resistência” na década de 60 do século passado.
A proposta inicial dos movimentos não era retirar o poder de todos eles?
É triste ser eterna vítima do jogo político de um petê que nunca sabe de nada e de um psdb que a nada se opõe, porque irmanados para transformar a nossa sociedade, agindo como as belas pernas de uma “tesoura canhota”.
Olavo errou mesmo? Ou a esquerda fabiana tomou com mãos grandes o protagonismo da oposição nas ruas, ao seduzir bobos-alegres que já haviam capitalizado para si esse movimento surgido a partir de uma péssima leitura política da esquerda mais radical, que pôs prematuramente o bloco na rua, nos moldes žižekianos, com catracas-livres e liberadas e soldados black-blocs?
Ou será que o que houve foi uma venda casada? É factível o toma lá (as ruas), dá cá (patrocínio e espaço nas legendas), pois muitos dos liberais-mirins e seus similares mais velhos já se puseram a engordar as fileiras dos partidos com a palavra “social” em seus nomes, a fim de disputarem o próximo pleito.
E o que dizer do plano B da esquerda, em usar o protagonismo recém-conquistado para promover novas eleições em 2016? Com as convenientes investidas de Reinaldo Azevedo contra Bolsonaro – cuja cabeça foi pedida na tese 157 do Caderno de Teses do 5º Congresso Nacional do petê –, restariam limpinhos e cheirosos os candidatos Marina Silva, José Serra, Geraldo Alckmin, “Coroné” Ciro Gomes e os risíveis Eduardo Paes, Álvaro Dias, Luciana Genro e Lula – esse último se não estiver se sentindo muito preso nos períodos de campanha e de eleições.
Assim, fica tudo dominado, como antes, para que o poder não saia das mãos da esquerda. Não é mesmo? Logo ela, que esteve basicamente inanimada nesse turbilhão que foi o período de manifestação do povo nas ruas. Negoção.
De outro lado, estariam preservados e “upgradeados” certos empregos e também sua ideologia do socialismo fabiano, com lobo em pele de cordeiro e tudo. O povo “sifose” mais um pouco, no passinho da tartaruga, mas o que é mais um pum para um bumbum que está estragado?
Grosseiro, né? Mas, a deferência é dispensável se é desse jeito que o povo é tratado por muitos que fingem estar ao seu lado e não se preocupam com bons modos quando estão por trás dos “folotes”.


Fernando César Borges Peixoto. Advogado, especialista em Direito Público pela Faculdade de Direito de Vila Velha-ES e em Direito Civil e Processual Civil pela Faculdade Cândido Mendes de Vitória-ES.


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