segunda-feira, 4 de novembro de 2019

O fiscal das redes




Malaquias de Oxóssi dos Santos – essa a grafia de seu nome de batismo – é impiedoso nas redes sociais. Não deixa passar uma postagem de um webamigo (ou webinimigo, não importa) em que não veja, do alto do seu QI-87, “métrica e rima”, notícia atualizada ou texto compreensível e/ou agradável. E lá vai ele deixar seu imprescindível comentário.

Nesses tempos de mudanças de paradigmas no campo da política, diz que pertence à ala da direita soft, também dita limpinha (ou light), e da qual também fazem parte a galera do Clube do Livro, alguns youtubers e poucos comediantes. Na verdade, é o pessoal conhecido como a Nova Esquerda brasileira.

Versado nas obras de Mises, Rothbart, Ayn Rand, e nos textos e teorias do Luciano Ayan, considera seus conservadores preferidos o João Pereira Coutinho e o Luiz Felipe Pondé.

Jamais curte as postagens da gente comum que lê diariamente, tintim por tintim, buscando alguma irregularidade, embora aproveite as ideias como suas, nos comentários que faz nas postagens de perfis famosinhos, aos quais dedica todos os seus likes.

Invariavelmente, nas postagens dos não-famosinhos, deixa comentários irônicos; mas o problema começa mesmo quando, segundo seus critérios, encontra imperdoáveis deslizes.

Esse é o Malaquias...

Notícia antiga?

Tome-lhe uma traulitada pela displicência.

Shitpost?

Se não compreende, “fodace”, diz que é feiquinius.

E se esbarra numa crítica a seus companheiros de viagem liberais, aumenta o tom nas críticas, postando textão, arranjando quizila, dando bronca e puxão de orelha, enfiando dedo no olho, chamando de “burro fofoqueiro”, de “mariquinha”, e até xingando à vera.

Já em sua grandiosa timeline, não há nada além de fotos de paisagens, propagandas de seu negócio e os dois livros que lê por ano, em PDF, a maioria fornecida pelo Instituto Liberal.

No texto de apresentação do perfil, Malaquias escreveu: “Não falo de minha vida porque o povo é doido, questiona tudo e procura treta”, dando a entender que tem mais o que fazer, a ficar tretando na internet, em sua timeline.

Li isso antes de bloqueá-lo, e pensei: “Eu, hein! Parece que tá lôko nas drogas”.


Fernando César Borges Peixoto
Advogado, niteroiense, gosta de escrever e, de certa forma, é um saudosista.

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