Sérgio Sá
Leitão, ministro da Cultura, revelou pelo twitter que o músico Roger Waters,
ex-guitarrista do Pink Floyd, ativista acusado de antissemita por apoiar um
boicote econômico, cultural e político a Israel, recebeu R$ 90 milhões por sua
turnê, para fazer campanha eleitoral disfarçada em favor do candidato Fernando
Haddad [1], nos shows realizados no Brasil, no curso do segundo
turno das eleições presidenciais. Para o ministro, essa é a verdadeira caixa 2
ocorrida nessas eleições, pois uma empresa brasileira pagou US$ 3
milhões por show pela campanha favorável ao petista.
Os shows do
Brasil foram programados para outubro, nas seguintes datas: São Paulo (09 e
10), Brasília (13), Salvador (17), Belo Horizonte (21), Rio de Janeiro (24),
Curitiba (27) e Porto Alegre (30).
Sem
apresentar uma única prova, o músico vem insistindo em atingir a reputação de
Jair Bolsonaro, candidato oponente, chamando-o de “corrupto”, “louco”,
“vingativo e insano”. Já no primeiro show da turnê, no Alianz Parque, em
09/10/2018, Waters aderiu à campanha #EleNão no palco, e exibiu a frase
“Neofascismo está em ascensão”, elencando o nome de Bolsonaro ao lado de
líderes mundiais, como Donald Trump, Viktor Orbán, Marine Le Pen, Sebastian
Kurz, Jaroslaw Kaczynski e Niger Farage, além de Vladimir Putin, único nome
seguido por um sinal de interrogação [2]. Recebeu uma
baita vaia e, dada a repercussão negativa de sua atitude, fez-se de
vítima no show seguinte, em que exibiu a mensagem “ponto de vista político
censurado” sobre o nome de Bolsonaro, e usou vários jargões dos “humanistas”
que amam o ser abstrato “humanidade”, sem se preocupar com quem está próximo:
“... todas as etnias, religiões e nacionalidades merecem ter os direitos
humanos básicos” [3]. No show em Salvador, seu telão exibiu a
imagem de Moa do Katendê, cuja morte numa discussão de bar, foi
instrumentalizada pela esquerda, que afirmou que o mestre de capoeira teria
sido morto por um partidário de Bolsonaro, numa discussão sobre política; e no
do Rio de Janeiro, a homenageada foi Marielle Franco [4],
política de extrema-esquerda, morta por supostos adversários políticos.
Fora dos
palcos, o músico continuou com suas declarações polêmicas, para utilizar o
jargão da grande mídia, como na entrevista concedida à Folha de São Paulo, em 19/10/2018 [5], quando denunciou a severa separação entre ricos
e pobres por todo o mundo, e falou que em São Paulo, p.ex., há casarões
bastante vigiados, cercados por grades, em locais que, logo adiante, há pessoas
vivendo na sarjeta. O cantor, que vive num palacete, cobra uma montanha de
dinheiro para dar shows em países periféricos como o Brasil, inviabilizando que
aqueles que “merecem ter os direitos humanos básicos”, segundo suas próprias
palavras, tenham acesso à diversão.
Sobre o
presidiário Lula da Silva e a impeachada (e reprovada nas urnas) Dilma Roussef,
ele foi bastante ameno ao questionar o motivo pelo qual o Lula teria roubado
dinheiro do povo, e se essa era a história verdadeira.
Tudo não
passa de um mise-em-scène esquerdista, pois enquanto ataca um homem honesto,
defende os que criam fortunas mantendo os seguimentos “minoritários” da
sociedade que dizem defender sob seu jugo, e ainda desviam milhões do dinheiro
que a eles deveria ser destinado.
O músico,
que acredita na importância de suas opiniões políticas, mesmo desconhecendo o
conceito real de ideologias como o fascismo, também declarou não saber o que
acontece no Brasil, e que as informações sobre a situação política dos países
nos quais se apresenta, são obtidas em conversas informais, com pessoas com
quem se encontra no período de estadia. Parece que o ativista filtra as informações,
aceitando apenas as que não contrariam a agenda esquerdista, pois criticou o
chefe de sua equipe de segurança no Brasil, por dizer que Bolsonaro não se
rendeu à corrupção e representa a novidade na política.
Ele ainda
disse que, “dependendo do resultado da eleição”, espera que os brasileiros não
peçam sua volta ao país até o retorno da democracia.
A denúncia
do ministro Sérgio Sá Leitão, que foi criticado por Waters por repudiar
manifestações políticas em shows, além de escancarar a hipocrisia do músico, e
a sua desonestidade ao cometer crime eleitoral, comprovará a utilização (mais
uma vez) da máxima esquerdista, atribuída a Lênin: “acuse-os de fazer aquilo o
que você faz; xingue-os daquilo o que você é”.
NOTAS
[1] Ministro da
Cultura diz que Roger Waters recebeu R$ 90 mi por campanha em show. Band,
21/10/2018. Disponível em https://noticias.band.uol.com.br/eleicoes/noticias/100000936131/ministro-diz-que-roger-waters-recebeu-para-fazer-campanha-em-show.html?fbclid=IwAR1bcbhcSefR69iJZ3keFTzfNSNEZcEcGfatje-S_8N3JwxQ0XzGog9pQ7Q;
[2] Praça, Sérgio.
Roger Waters precisa de educação. Exame, 10/10/2018. Disponível em https://exame.abril.com.br/blog/sergio-praca/roger-waters-precisa-de-educacao/;
[3] Roger Waters reage a vaias e se diz 'censurado' em
segundo show em São Paulo. O
Globo, 11/10/2018. Disponível em https://oglobo.globo.com/cultura/musica/roger-waters-reage-vaias-se-diz-censurado-em-segundo-show-em-sao-paulo-23148326;
[4] Roger Waters
defende boicote ao Brasil em
defesa da democracia. Brasil 247, 22/10/2018. Disponível em https://www.brasil247.com/pt/247/cultura/372744/Roger-Waters-defende-boicote-ao-Brasil-em-defesa-da-democracia.htm;
[5] Menezes, Thales de. Roger Waters agradece vaias em SP e diz que
Bolsonaro é corrupto e insano. Folha em São Paulo,
19/10/2018. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/10/roger-waters-agradece-vaias-em-sp-e-diz-que-bolsonaro-e-corrupto-e-insano.shtml.
[Texto originalmente publicado no portal Análise Inversa]
Fernando César Borges Peixoto
Advogado, niteroiense, conservador, gosta de escrever e, de certa forma, é um saudosista.
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